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Confesso que também vivi! (parte 1)

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     No final dos anos setenta me deparei com a obra "Confesso que vivi" de Pablo Neruda. Foi o primeiro contato que tive com o poeta. Fiquei impressionado com aquele estilo poético utilizado para escrever a auto-biografia dele. Hoje; mais de quarenta anos se passaram, sinto-me cada vez mais entrelaçado ao estilo e a vida daquele que marcou e, de certa forma, modificou profundamente minha conduta como ser humano. Somos seres emocionais, e sem emoções não existe plenitude de vida!             Hoje sou um ser reflexivo. Não que eu esteja acomodado, libertado de todas as emoções. Apenas vivo um momento de ponderação. Não mergulho mais de cabeça sem antes observar as profundezas obscuras da água e o que podem elas esconder. Não me considero sábio e a experiência obtida através dos erros tem foco no passado. Se não vivo mais lá, porque as lembranças haveriam de ser úteis no presente? Ah! eis aí a grande questão da vida! Tudo vale a pena...

Inquietudes

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De minhas ânsias cuido Eu! Não é muito fácil... Elas me molestam agitam o coração, Cobrem-me de inquietudes Exaltam pensamentos (as vezes malditos) Aceleram Minha mente Num redemoinho infernal. Comprometem meu viver... Parecem querer Meus sonhos destruir! E Quando elas  Me sufocam demais E a tristeza; Mesmo sem permissão invade o peito; Quando canso de navegar E não encontro porto seguro; Quando o vento da saudade Faz meu barco balançar Então; Visto-me de palavras! Como se fossem elas Meu colete salva vida!

Ciência e religião, a união é possível!

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Há muito que o homem busca explicações sobre o universo e a origem da humanidade; sobre o princípio de tudo. Perde-se a noção do tempo, onde buscando respostas, as primeiras teses foram elaboradas. A incapacidade humana de formular uma teoria científica; ou pelo menos compreender, pela religião, as entrelinhas sobre o assunto; levou teólogos, cientistas e pensadores abrirem uma infinidade de caminhos, muitas vezes dispersos, tentando de maneira mais ou menos racional encontrar repostas adequadas. Alguns destes caminhos foram seguidos pela ciência; que se tornou cética e inflexível, outros foram preteridos pela religião; que se tornou dogmática e cega. Nenhuma obteve pleno sucesso nestes desbravamentos. Nós seres humanos lutamos; desesperadamente, com estas duas correntes; travamos batalhas como se estivéssemos numa permanente disputa de quebra de braços, para saber qual é o mais forte. Nem as leis da física nem os dogmas das variadas correntes religiosas; tem sido capazes de expl...

Vou morar no Instagram

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Pasárgada é um lugar de sonhos e perfeição que Manoel Bandeira desenhou na mente criativa e perspicaz dele. O poeta, naquela época, desconhecia o fenômeno das redes sociais. Não poderia, nem de longe, imaginar que um dia existiria lugar mais perfeito do que o reino de Pasárgada. Atualmente esta visão poética de um lugar perfeito; nem pode ser comparada com o que se passa no Instagram. No Instagram todos são felizes, não existe falsidade e as pessoas - aaahh! As pessoas são tão lindas! não existe gente feia. Os lugares então... representações gráficas do jardim do Éden. Tudo é mágico, maravilhoso e encantador. Muito mais atraente que o reino de Pasárgada; vou embora pro Instagram! Certamente; lá serei feliz! Encontrarei a mulher digna de meus sonhos de amor, mas, se lá ela não estiver não faltarão lindas prostitutas... não; prostitutas existem lá no reino de Pasárgada; nos domínios do Instagram são “ac ompanhantes”; são elas muito mais encantadoras e despretensiosas, pois ...

O romantismo acabou.

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      Na idade que desfruto; dizem ser a melhor; observo com certa tristeza o fim de uma era que, ao meu ver, era bem mais interessante. O romantismo acabou, as pessoas não sofrem mais por amor nem pela falta dele, erradicaram da vida os sofrimentos dos relacionamentos que não deram certo. Dizem que houve uma libertação. Não deu certo... Basta apertar a tecla del! Pronto.. tudo some, não ficam vestígios ou lembranças. É tudo muito fácil... Com um click iniciamos novo amor, com outro apagamos tudo o que existiu. O romantismo acabou de fato, mas a vida não se tornou melhor por isso. Os sofrimentos humanos continuam. A diferença fundamental é que sofremos pelas coisas e não pelas pessoas. Sofremos talvez pela indiferença... E também pela falta de amor.        No momento de pressionar aquela tecla tudo parece fácil; entretanto nunca vi, em épocas passadas, tantas pessoas com depressão, tantos perdidos nas drogas, tantos suicídios. A felicidade está...

Um brinde ao amor

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                             Brindemos ao amor! Que ele seja presença constante. Brindemos aos loucos que se apaixonam e, através do amor, experimentam toda intensidade da vida.     Ah o amor! sublime sentimento que nos diferencia. E quando ele também é dor, bem vindo seja, pois as paixões mal resolvidas, os amores não correspondidos, são formas de aprimoramento da alma. Brindemos então ao sono perdido! Brindemos com vinho tinto; o sangue da paixão. Ergamos lentamente o vaso cristalino em forma de taça, num suave movimento, pois suave deve ser sentimento. Mesmo que num gesto solitário o cálice sagrado não encontre outro para; como um sino, despertar o mistério. Não te preocupes se não escutares aquele "tin, tin". Na solidão do brinde talvez haja amor em dobro.         E quando a saudade importunar com a lembrança de um alguém  que foi embora sem razão aparente, deixand...

O mal de um indivíduo é pensar que ele é bom.

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                             Uma breve reflexão sobre nosso momento político e social.             O velho ditado: “De boas intenções o inferno está cheio” nunca esteve tão em voga. A turbulência gerada na alta esfera política produz ondas devastadoras por toda a sociedade, fazendo surgir ataques de bandos de quero-quero em ladainha repetitiva onde, na prática, fazem muito barulho mas não resolvem nada. Surgem os pseudos-heróis, arautos da liberdade e defensores dos fracos e oprimidos (vulgarmente chamados de idiotas), que com sua contundente verborragia e prosopopeias arcaicas, ensaiam impedimentos sob bolsanáricas visões; clamam por barbaresca e moroalista justiça. Próceres da virtude demandam processos de todas as espécies e a plebe, inflamada por pitorescos discursos, digladia-se patrioticamente a fim de mostrar para a nação que “um filho seu não foge à luta nem teme a...

Um encontro com Deus

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                          Conta-se que certa ocasião, Deus, preocupado com seus filhos aqui na terra; convocou uma reunião com os seis homens mais sábios do planeta. Cada um destes sábios representava uma imensa população a qual lideravam com justiça, verdade e disciplina, tendo grande responsabilidade com estas pessoas. Eram como homens santos, incumbidos pelo próprio Deus de trazer à tona o conhecimento, para a imensa diversificação de espíritos que habitam a terra.               O primeiro sábio representava um enorme grupo de pessoas, mais de novecentos milhões de crentes; baseavam-se em escrituras muito antigas, escritas em Sânscrito védico. Os Vedas foram as primeiras escrituras que se tem notícia, abrangem variações monoteístas e politeístas. Compõe-se de quatro livros, sendo o primeiro código de conduta escrito. O representante deste imenso grupo er...

O amor é desencontro!

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          Meu rumo ignoro... Muitos tentam desvendar o futuro. Este hábito há muito deixei para traz. Afinal, que graça teria a vida se soubéssemos tudo o que está para acontecer? Sem desilusões, mas também sem sonhos. Sem perspectivas talvez. Tal preocupação não mais me agita. Prefiro errar. É no erro que vivemos nossas maiores emoções. Nos desconsertos das situações inesperadas é que aprendemos lidar com o desconhecido. E como é bom ter ilusões! Sonhar com um mundo perfeito, confeccionar nossa teia de sonhos, tramada com imaginação e esperança. Amar! Plantar hoje a semente do amanhã, depois cultivar. Plantar amor, colher emoção.    Ah o amor! Somente nossa imperfeição o torna perfeito. Nos faz lutar para conquistá-lo, na maioria das vezes, grande desilusão. Mas se amor é desilusão ao mesmo tempo é vida. Quanta emoção nos traz... E sem emoção não existe vida! Desculpem-me os durões, os frios e calculistas, os pragmáticos, m...

Não foi por acaso!

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           Teria sido um dia como outro qualquer. Nada de especial. Nada que pudesse ser levado em conta ou que merecesse algum destaque.            Teria sido como há muito tem sido minha vida. Monótona, dispersa entre caminhos obscuros. Tumultuada por sentimentos imprecisos. Sem definição.             Mas não aquele dia! Algo novo; como a réstia de luz que longe chama atenção, ao rasgar o véu da noite trevosa.             Amanheceu diferente aquele dia! Perecia que tudo ao meu redor prenunciava a mudança que eu não fora capaz de perceber. Como definir um sentimento que não posso compreender? Como acreditar naquilo que não parece real? mas ao mesmo tempo, por alguma razão, se torna presença constante!          Era para ser um dia comum. Tisnado pelas mesmas sombras, das mesmas nuvens negras e frias. Mas não aquele dia! Um nov...