O amor é desencontro!
Meu rumo ignoro... Muitos tentam desvendar o futuro. Este hábito há
muito deixei para traz. Afinal, que graça teria a vida se soubéssemos tudo o
que está para acontecer? Sem desilusões, mas também sem sonhos. Sem
perspectivas talvez. Tal preocupação não mais me agita. Prefiro errar. É
no erro que vivemos nossas maiores emoções. Nos desconsertos das situações
inesperadas é que aprendemos lidar com o desconhecido. E como é bom ter
ilusões! Sonhar com um mundo perfeito, confeccionar nossa teia de sonhos,
tramada com imaginação e esperança. Amar! Plantar hoje a semente do amanhã,
depois cultivar. Plantar amor, colher emoção.
Ah o amor! Somente nossa imperfeição o torna perfeito. Nos faz lutar
para conquistá-lo, na maioria das vezes, grande desilusão. Mas se amor é
desilusão ao mesmo tempo é vida. Quanta emoção nos traz... E sem emoção não
existe vida!
Desculpem-me os durões, os frios e calculistas, os pragmáticos, mas sem
sofrer profundamente por amor, jamais conheceremos a verdade. Quando
apaixonados é que nos tornamos mais humanos. Tal é a força nas batidas do
coração, que o corpo amolece, o pensamento flui. Hora agitado, hora sereno. Que
estranha esta química! Entorpece, provoca lágrimas, não dá acalanto, ao mesmo
tempo fortalece! Amar é como navegar em uma estrela no espaço infinito.
Embriagar-se com o sussurro da voz de quem amamos. É conhecer a dimensão do
universo sem sair do quarto. E quando, naquele vago momento tão fugaz em que
corpos se entrelaçam, confundindo suas formas em aconchegante alegria, quanta
paz existe... Pena despertar!
Não posso conceber a vida sem amor. Sem o ato carnal que nos consome
como palha ao fogo. Que aniquila o raciocínio colocando por terra todas as
teorias da psicologia. Desafiando nossos sentidos, confundido a razão,
fazendo-nos padecer envoltos em brisa suave. Despertando nobreza nos
sentimentos, iluminando as profundezas da alma. Paz que se transforma em
repentina tempestade. Tal qual se transforma uma tarde quente de verão, com
temporal destruidor, que se formou do mesmo calor que antes aqueceu e encorajou
para a vida e para a beleza.
Dizem que o tempo cura as feridas. Talvez seja verdade. Mas, as
cicatrizes ficarão para sempre. Ainda não tive testemunho confiável de alguém
que, sinceramente, tenha esquecido um amor verdadeiro. E se outros amores
surgirem, cada um deixará sua marca, sua cicatriz. Esta é a condição humana
real e positiva. A única capaz de purificar e embelezar o sentimento, ao mesmo
tempo. Só não pude compreender ainda, porque o amor é feito de
desencontros. A correspondência, a retribuição, a recíproca e até mesmo a
possibilidade, estão sempre defasadas em tempo e lugar. O momento mágico
raramente acontece ao mesmo tempo para as mesmas pessoas e, quando acontece,
alguma coisa impossibilita o ato final. Podem acreditar! Quando seu coração
selecionar alguém para amar, tenha certeza, este alguém, naquele momento,
estará envolvido com outro amor ou circunstância, que por sua vez estará envolvido
com outro numa infernal corrente de desencontros. Uma roda que não para de
girar.
Por isso aconselho! Que ninguém tente saber seu futuro. Não busque o
amor através da adivinhação. A roda não para e em cada volta, nos surpreende,
modifica, decepciona. Tenhas paciência, esperes a próxima volta e recomeces com
a mesma esperança e emoção. Afinal, de emoções é feita a vida. Mesmo nos desencontros!
Belas palavras tantas palavras
ResponderExcluirDevias publicar um livro, Kako!
ResponderExcluirÉ uma proposta antiga mas ainda não criei coragem.
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