Ciência e religião, a união é possível!


Há muito que o homem busca explicações sobre o universo e a origem da humanidade; sobre o princípio de tudo. Perde-se a noção do tempo, onde buscando respostas, as primeiras teses foram elaboradas. A incapacidade humana de formular uma teoria científica; ou pelo menos compreender, pela religião, as entrelinhas sobre o assunto; levou teólogos, cientistas e pensadores abrirem uma infinidade de caminhos, muitas vezes dispersos, tentando de maneira mais ou menos racional encontrar repostas adequadas. Alguns destes caminhos foram seguidos pela ciência; que se tornou cética e inflexível, outros foram preteridos pela religião; que se tornou dogmática e cega. Nenhuma obteve pleno sucesso nestes desbravamentos. Nós seres humanos lutamos; desesperadamente, com estas duas correntes; travamos batalhas como se estivéssemos numa permanente disputa de quebra de braços, para saber qual é o mais forte. Nem as leis da física nem os dogmas das variadas correntes religiosas; tem sido capazes de explicar, com plenitude, a origem do universo e da vida. Algumas teorias são mais impactantes, parecendo mais fáceis de entender, entretanto se nos aprofundarmos na pesquisa e continuarmos o questionamento chegamos a um ponto de impasse, onde não existe explicação que satisfaça à nossa razão.
                        
                A ciência assume a questão com lógica e ceticismo. A teoria do Big Bang, por exemplo, que parece ser bem aceita no mundo científico não nos permite, uma base sólida para acreditarmos piamente que ela é verdadeira. Em determinado momento chegamos a um impasse; as leis da física não valem mais a partir daquele momento explosivo. Todas as teorias que evoluíram, a partir do pensamento cientifico, param naquele ponto. Os cientistas chamam isto de singularidade, ou seja, não conseguem mais explicar, pelas leis conhecidas, o que acontecia antes e até o momento da maravilhosa transformação. O resultado de tal dificuldade é o surgimento de teorias diversas; tentando reformular nosso conhecimento sobre a matéria e suas relações com o espaço e o tempo. Einstein deixou incompleta a sua teoria do absoluto, onde tentava explicar todas as relações  existentes entre matéria e energia, na complexidade do nosso universo. A ciência tentou vários caminhos para preencher a lacuna em nossa capacidade de compreender; sem conseguir até o presente momento provas definitivas e irrefutáveis. A antimatéria foi descoberta em 1932, provando que no mundo físico existiriam ainda muitas coisas por explicar. Hoje falamos em matéria escura. Sabe-se que ela ocupa a maior parte do espaço existente no universo. Incógnitas e mais incógnitas. Existirá nesta vastidão algum tipo diferente de matéria, além daquela hoje conhecida? Desta necessidade  de apresentar uma explicação lógica e coerente surgiram teorias mil... a relatividade geral de Einstein quebrou os paradigmas newtonianos; a física quântica mostrou que não necessariamente; o que vale para o infinitamente grande é válido para o infinitamente pequeno. A teoria das cordas, ou supercordas, num universo de dez dimensões, chegou para dar uma nova versão ao arranjo molecular da matéria e suas partículas. Logo seriam cinco teorias das cordas, nenhuma conseguindo a união e o consenso adequados para que se pudesse desvendar o mistério. Veio então a teoria M, as cordas foram substituídas por membranas em um universo de onze dimensões; reconhecendo-se a possibilidade de universos paralelos; hoje muito em evidência no mundo científico e circundado por misticismos. A física quântica demonstra claramente que o comportamento de partículas no pequeno círculo do átomo difere, e muito, de tudo aquilo que aprendemos na mecânica clássica, tão bem delineada pelo gênio Isaac Newton. Certo é que muita coisa, apesar do avanço tecnológico, ainda não pode ser convincentemente explicada pela ciência.


                Na outra pista, correndo paralelamente estão os criacionistas, os religiosos, os filósofos; aqueles que, como livres pensadores, acreditam em um universo criado por Deus. Conjuntamente com aquilo que foi rotulado de “ciências ocultas”, quase sempre foram considerados, pelos adeptos da ciência; como párias ou embusteiros. Tudo o que a ciência não quer é misturar magia, teologia ou qualquer evidência de ciência esotérica; aos preceitos descobertos ao longo de tantos séculos de árduas pesquisas; empreendidas por respeitáveis cientistas e pensadores. Entretanto, também são louváveis os esforços destes párias. Muitos conhecimentos que nos foram deixados por eles, possuem coerência e afinidade com a ciência, reconhecendo evidentemente que postularam muita ingenuidade e incoerência; mas isto aconteceu também nos postulados científicos, muitos dogmas foram transformados em verdades!
Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes, Voltaire, entre tantos outros, são nomes dignos de respeito; seus ensinamentos filosóficos não devem jamais ser desprezados. Embora não tenham sido considerados cientistas, tão pouco foram bruxos ou sacerdotes; deixaram claro em seus pensamentos a crença em forças superiores, inexplicáveis e não materiais. A existência da alma foi introduzida na filosofia e a partir daí a ideia de um mundo espiritual e outro material, evidenciando claramente a possibilidade da fé baseada na razão.


Se o homem consegue elaborar uma teoria como a do Big Bang, ou da existência de universos paralelos, porque não pode aceitar a existência de uma potência criadora por traz disto? Uma espécie de “Ser” responsável por acender o pavio da bomba. Em parte esta incapacidade para produzir uma teoria de tudo, lógica e aceitável, ocorre pela obstrução do caminho da verdade. A imensa barreira do orgulho e da presunção humana, via de regra, tem sido o verdadeiro entrave que se sobrepõe à liberdade de pensamento. O espiritismo, como ciência religiosa e filosófica, busca com sabedoria, a união entre ciência e religião.  Albert Einstein, inegável homem de ciência, que tão grandes contribuições  deu para o progresso da humanidade, também o propôs em sua declaração: “A ciência sem a religião é paralítica, a religião sem a ciência é cega”. Ele, com sua mente grandiosa e aberta buscava compreender como Deus criara o universo. Tentava compreender a mente de Deus. E o que dizer de Paracelso ou Cornélio Agripa? Seriam eles magos ocultistas ou cientistas detentores de uma visão espiritual? Até quando ciência e religião permanecerão separadas? Qual o problema em unir esforços para o bem comum? Afinal de contas; nós seres humanos, há muito tempo; desde a infância da civilização, estamos apoiados em quatro esteios - Ciência, religião, arte e filosofia. Seria este fato apenas um acaso? A união entre ciência e religião de alguma forma degradaria o conhecimento humano? Ao contrário, penso que nos daria um enorme impulso para desvendar o mistério e talvez nos ensinar que existe algo maior e incompreensível à razão humana.


Não faz muito tempo que os veículos de comunicação do mundo inteiro divulgaram a descoberta do “Bóson de Higs”. Com orgulho alguns homens de ciência se manifestam nomeando-a como “a partícula de Deus” (a partícula maldita, foi a denominação inicial); alvorotaram-se as mentes mais aguçadas, como se fosse a descoberta do próprio Deus! Não nego de maneira alguma a importância desta descoberta, certamente engrandecerá e propiciará grande avanço ao conhecimento humano, principalmente pela grande dificuldade que os cientistas tiveram para detecta-la. Este esforço, por si só, gerou enorme avanço científico. Entretanto, outras descobertas, muito menos espetaculares talvez, geraram avanços muito significativos. Os aceleradores de partículas certamente propiciarão novos rumos no caminho da verdade! Sem desestimular a busca científica pelas respostas necessárias, antes, gostaria de exaltar a busca da humildade; como forma única e possível para chegar ao conhecimento pleno, no limite que nos for permitido. Que não se exaltem demais em sua majestade aquelas mentes dotadas de orgulho e prepotência, lembrem-se que todas estas coisas maravilhosas que estão sendo divulgadas nada mais são que descobertas e; descoberta não é sinônimo de invenção ou criação.


Vencer esta enorme barreira de orgulho e preconceitos, não é uma tarefa simples, mas possível. É preciso apenas expandir horizontes, abrirmos as janelas de nossas mentes. Julgamos muito e refletimos pouco, esta característica humana é que, embaçando a visão, nos impede de ver a verdade limpidamente. É preciso um pouco mais de humildade no comportamento humano, a fim de compreendermos que a luz muito forte é capaz de cegar tanto quanto a escuridão. Desvendar estes mistérios ainda levará tempo, e somente será possível, após o despertar da humanidade para uma vida menos materialista e mais voltada para a solidariedade e harmonia social. Até lá muitos sínodos e seminários ocorrerão. Precisamos estar preparados e com nossas mentes abertas para podermos encontrar o caminho da luz e da verdade. E vos garanto! Este caminho não é privilégio da ciência ou da religião. É um amplo e iluminado caminho único, que deve ser desbravado solidariamente dentro dos preceitos da tolerância, da paz e harmonia entre os homens, balizado pela ciência e iluminado pelo espírito

Comentários

  1. Bons pensamentos. Quem esteja buscando respostas sempre vai perguntando. A ciência convencional e as grandes religiões não querem reconhecer explicações 'fora do padrão'. O universo é por definição 'fora do padrão' no grau que não entendemos praticamente nada dos seus mistérios.

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    1. O maior entrave para chegar a verdade é a barreira do orgulho. Vivemos uma era de domínio do intelecto. As descobertas científicas, e as invenções propiciadas por estas descobertas, moldaram o comportamento humanos na passividade. As pessoas usam os recursos tecnológicos sem questionar, buscando com isto acelerar unilateralmente o materialismo como meio de evolução. Mesmo aqueles que se propõe buscar conhecimento através da religião, o fazem com o pensamento no imediatismo do progresso material. Comportam-se como rebanho sem questionar as verdades impostas. Acabam envolvidos em um pernicioso fanatismo, que atrasa o verdadeiro progresso. Mas é o tempo da maturação. Precisamos de paciência e sabedoria para esperar a época certa para a colheita.

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