Um encontro com Deus


           
              Conta-se que certa ocasião, Deus, preocupado com seus filhos aqui na terra; convocou uma reunião com os seis homens mais sábios do planeta. Cada um destes sábios representava uma imensa população a qual lideravam com justiça, verdade e disciplina, tendo grande responsabilidade com estas pessoas. Eram como homens santos, incumbidos pelo próprio Deus de trazer à tona o conhecimento, para a imensa diversificação de espíritos que habitam a terra.
             O primeiro sábio representava um enorme grupo de pessoas, mais de novecentos milhões de crentes; baseavam-se em escrituras muito antigas, escritas em Sânscrito védico. Os Vedas foram as primeiras escrituras que se tem notícia, abrangem variações monoteístas e politeístas. Compõe-se de quatro livros, sendo o primeiro código de conduta escrito. O representante deste imenso grupo era um homem de conduta ilibada, muito tolerante e amoroso com seus discípulos.
             O segundo sábio, também um homem admirável em sua pureza e seriedade, representava outro grupo gigantesco de pessoas (mais de um bilhão e meio) e em constante crescimento. A responsabilidade deste líder é imensa! A grande maioria de seus seguidores se diz descendente do próprio Adão. Tem como base de suas pregações o Corão (Al corão), obra do profeta Mohamed, que liderou o povo com preciosos ensinamentos, estabelecendo um código de ética e moral muito importante e avançado para sua época. Tem em Alá a entidade suprema e criadora do universo. Hoje, o Islã está dividido em segmentos radicais bem complicados devido aos fundamentalistas. Por ser monoteísta tem muita semelhança com outras importantes religiões. Esta crença religiosa é vítima de muitos preconceitos e falsas informações. Muita confusão entre religião, etnia, cultura e costumes.


            O terceiro e não menos sábio homem, representa o judaísmo. Apesar deste segmento ser o menor de todos, tem um importante fator histórico em seus preceitos. Hoje a grande maioria destas almas vivem em Israel, mas estão espalhados pelo mundo formando pequenas comunidades. Teve sua origem no povo Hebreu, por volta do século XVIII AC, quando Deus ordenou Abraão que fosse em busca da terra prometida. São muito nobres e altamente éticos os ensinamentos desta religião.  Os judeus acreditam que YHWH (Javé ou Jeová, em português) seja o criador do universo, um ser onipresente, onipotente e onisciente, que influencia todo o universo e tem uma relação especial com seu povo. O livro sagrado dos judeus é o Torá ou Pentateuco, revelado diretamente por Deus. Para o judaísmo, o pecado mais mortal de todos é o da idolatria, ou seja, a prática de adoração a ídolos e imagens.


            O quarto homem sábio, comandava o maior grupo de almas, mais de dois bilhões de pessoas, todos crentes que Jesus veio a este mundo para nos ensinar e libertar do pecado. Consideram o mestre como  “o filho de Deus” e a devoção a Ele como o único caminho para se chegar ao pai supremo. Um grupo muito complexo de pessoas, divididas pela mesma crença, formando dentro deste conjunto sub grupos com enorme quantidade de seguidores. Ao longo do tempo, na história da humanidade, os cristãos se debateram em controvérsias. Embora todos personifiquem Jesus Cristo como único salvador, a fé foi polarizada em dois extremos, separando católicos e protestantes. Houve ainda sub divisões entre estes novos grupos. Basicamente as discórdias ficaram por conta da liderança e da conduta dos sacerdotes. A figura de um papa como chefe supremo da igreja, não foi aceita por muitos. Aliados a outros fatores o cristianismo foi pulverizado de várias formas, vivendo hoje num imenso conflito de fé, que foi inclusive gerador de guerras violentas.

            O quinto convocado, um sábio muito eloquente, era antes de tudo um filósofo. Não era propriamente um líder ou chefe supremo, nem mesmo era defensor de uma ou outra crença. Dedicado aos questionamentos tentando compreender as razões do sofrimento humano, agregava em torno de si várias correntes de pensamentos como budismo que conta com mais de trezentos e setenta milhões de adeptos, religiões tradicionais chinesas com mais de quatrocentos milhões de seguidores, o Sikhismo, embora pouco difundido é considerado a sexta maior religião do mundo, reunindo cerca de vinte milhões de pessoas, uma doutrina monoteísta que foi fundada no século XVI pelo Guru Nanak. O sikhismo nasceu na província de Punjab, na Índia, e grande parte de seus seguidores ainda vivem na região. Eles representam 1,9% da população da Índia e 0,3% de Fiji. Esses grupos formam uma linda corrente filosófica e tem a reencarnação, o carma e o caminho do meio (nada de extremismos) como forma de aperfeiçoamento. Pregam a paz e são muito lógicos em suas ideias, porém, não raro, seus preciosos ensinamentos são desprezados ou ignorados.


            O sexto homem convocado por Deus era de grande sabedoria também. Diferente dos outros cinco ele representava uma imensa comunidade de pessoas que não tinham crenças religiosas em um Deus ou deuses. Sendo difícil de quantificar o número de adeptos. Estes baseiam suas teorias sem a necessidade de ter um Deus. Basicamente formam dois grandes grupos: Ateus e Agnósticos. As pessoas interpretam o "ateu" e termos relacionados de maneiras muito diferentes, e pode ser difícil traçar os limites entre o ateísmo, as convicções não-religiosas e crenças religiosas e espirituais não-teístas. Além disso, ateus não nem sempre podem identificar-se como tal, para impedir que sofram de estigma, discriminação e perseguição em alguns países. Apesar desses problemas, um estudo classificou a população mundial de ateus em 2,5%, separada de não-religiosos 12,7%. Numa estimativa grosseira representam aproximadamente 15 % da população mundial. É muita gente. Cerca de um bilhão de pessoas. Aliás este sábio foi convocado devido a este representativo número de pessoas que, muitas vezes, entram em dramáticos conflitos com os seguidores de religiões distintas.

            O que Deus queria saber destes homens era a razão pela qual se debatiam. Porque cada um necessitava afirmar-se na razão; como se todo o conhecimento fosse privilégio de um único grupo. O supremo criador precisava de explicações coerentes para a origem de tanta violência, quando todos estes segmentados grupos tinham por princípio o amor. Embora tivessem divergências sobre o nome de “Deus”, pois cada grupo foi educado em regiões diferentes, tiveram vivências particulares devido aos costumes, culturas e meio de vida. Entretanto, nunca houve uma ordem divina para que os homens odiassem uns aos outros. Neste questionamento o patrão celestial convocou os sábios líderes para que meditassem sobre aquilo que realmente era importante. Deus em sua sabedoria reconheceu que as sociedades humanas tomaram rumos essencialmente materialistas. O dinheiro e as riquezas, adoração de ídolos e uma total degradação ética e moral estava em curso. A corrupção humana precisa ser contida, porém o que estava em evidência era o preço a ser pago devido a estas disputas. No desenrolar da história os seres humanos tentaram sempre algum tipo de supremacia para subjugar seus semelhantes. No início era a lei da força bruta, depois a inteligência foi associada a ela. A guerra tornou-se o instrumento comum. Tornou-se normal! Mas ao longa desta trajetória histórica de violência o homem não encontrou a paz, ao contrário, tornou-se mais duro de coração. Mais de quinze mil guerras em cinco mil anos de história, o número incalculável de mortos e mutilados por estas contendas, não foi capaz de arrefecer o ódio nos corações humanos.

             Não é difícil entender a mente divina, porém o orgulho tem cegado a humanidade. Precisamos compreender as questões das desigualdades com discernimento e humildade. Afinal se um mestre assumir posturas orgulhosas perante seu aluno, não só estará impedindo o progresso do iniciado, como estará assegurando para si severas provações, pouco importando se o sofrimento virá através de reencarnações ou de um juízo final. Não é possível que nós seres humanos, continuemos a nos considerar separados do todo universal, apenas porque dispomos de relativa inteligência. É preciso compreender, urgentemente, que dentro deste orbe somos todos terráqueos integrados a um sistema universal. Embora possamos representar uma minúscula peça desta máquina, nenhuma engrenagem pode ter sequer um dente quebrado. Tudo que Deus exige da inteligência humana é esta integração, o mais sábio ensinando o ignorante, o mais provido de riquezas materiais provendo o que falta ao menos favorecido. Afinal o que é a vida, além do progresso do espírito? Chegamos neste plano sem nada trazer além de nossa bagagem espiritual que orienta nossas necessidades. Quando daqui partirmos nenhum fardo material nos acompanhará. Qual o sentido então de nos apegarmos ao efêmero em detrimento daquilo que nos propiciará a verdadeira felicidade.

                                                           
             Todos os segmentos religiosos esperam uma retribuição no plano espiritual, de maneira ou de outra eles seguem um Deus supremo que os irá castigar ou premiar conforme suas atitudes. Pois bem, se assim pensam, porque não conseguem agir dentro dos limites da bondade e da tolerância pelos erros alheios? Talvez nesta moderna onda de incompreensões os ateus se diferenciem positivamente. Afinal nada esperam da eternidade, nem colocam questões difíceis de resolver em suas mentes. Entretanto este simplismo sem esperança pouco constrói para o bem estar geral. Dependendo da moral assumida pode inclusive ser extremamente perverso. Mas um ateu com uma baixa ordem moral prejudicar alguém é, até certo ponto, admissível.  O que Deus não aceita é que religiosos que se consideram altamente elevados moralmente sigam caminhos sem ética e cometam desatinos piores que aqueles que não foram dotados daquela moral.

             Assim caminha nossa humanidade! O que queremos nós? Suplantarmos Deus ou simplesmente ignora-lo? Quais leis queremos seguir? A do talião ou do amor? É preciso entender qual senhor seguiremos, pois não podemos assumir posições contraditórias, ora seguindo Deus, ora seguindo o demônio. Esta contradição é o trauma mais acentuado de nossa sociedade. Nossos governos proveem milhares de leis, inúmeros códigos de conduta, são tantas leis que em sua grande maioria não chegam nem mesmo a serem conhecidas. Bastaria entretanto que seguíssemos aquele simples decálogo, que sintetiza tudo o que precisamos para convivermos em harmonia uns com os outros. Lembrem-se... apenas dez mandamentos!


Comentários

Postar um comentário

Ajude no aprimoramento deste blog. Inscreva-se e deixe aqui seus comentários e sugestões!

Postagens mais visitadas deste blog

Inquietudes

Luz e encanto

Brindemos o amor

Mensagem de natal

Descobrindo Naufragados

Explorando a Caverna Ocos

Explorando a Caverna Emaranhado

Um sonho realizado

Acampamento Selvagem