O mal de um indivíduo é pensar que ele é bom.


                             Uma breve reflexão sobre nosso momento político e social.

            O velho ditado: “De boas intenções o inferno está cheio” nunca esteve tão em voga. A turbulência gerada na alta esfera política produz ondas devastadoras por toda a sociedade, fazendo surgir ataques de bandos de quero-quero em ladainha repetitiva onde, na prática, fazem muito barulho mas não resolvem nada. Surgem os pseudos-heróis, arautos da liberdade e defensores dos fracos e oprimidos (vulgarmente chamados de idiotas), que com sua contundente verborragia e prosopopeias arcaicas, ensaiam impedimentos sob bolsanáricas visões; clamam por barbaresca e moroalista justiça. Próceres da virtude demandam processos de todas as espécies e a plebe, inflamada por pitorescos discursos, digladia-se patrioticamente a fim de mostrar para a nação que “um filho seu não foge à luta nem teme a própria morte.” Este maniqueísmo decrépito que tudo reduz a uma única e assustadora polarização entre Deus e diabo, nada mais é do que um espelho embaçado da realidade de uma sociedade que sobrevive na injustiça e na ganância.

            Talvez esteja na hora de cada um buscar, numa reflexão profunda, a origem de toda esta repugnante discórdia. O grande mal que nos persegue, como seres humanos, é a ideia distorcida de que somos bons; nos vangloriamos de nosso altruísmo, nos regalamos em nossa posição social, quando por ela somos favorecidos, e auto despertamos orgulhos imensos que nos tornam grandes em nós mesmos. Poucos conhecem os benefícios da sabedoria geradora de humildade. A partir do momento em que o indivíduo passa a se considerar amplo, completo e detentor absoluto da verdade, paladino do bem, inicia a maratona destrutiva da sociedade. Pois ao pensar desta forma nega aos outros a possibilidade de estarem corretos. Nesta maneira pomposa de assumir a hegemonia do conhecimento iniciam-se as guerras religiosas, raciais e políticas. Aqueles que pensam saber tudo nada mais podem aprender, pois posicionam-se de maneira refratária ao conhecimento. Importa-lhes apenas impor sua linha de pensamento, sua ordem e virtude. Assim é o momento que vivemos, onde o debate perdeu o significado e a cooperação se extraviou em espinhentas veredas. Precisamos com urgência retomar o caminho evolutivo na busca da verdade que, em última instância, só poderá ser alcançada quando reconhecermos, na amplitude de nossos defeitos, toda parcimônia que tivemos no aprendizado da história e os parcos conhecimentos que adquirimos. Dizem que a maior e mais importante luta do indivíduo é aquela travada com ele mesmo. Precisamos nos conscientizar que somos seres em evolução, só assim podermos atingir patamares mais perfeitos. Precisamos aprimorar nosso espirito e nossa capacidade de compreender. Só obteremos esta capacidade regeneradora se reconhecermos o mal presente em nossa alma. Aquele que não luta pelo seu aprimoramento está acomodado em uma falsa certeza de que é bom e sábio.
Empecemos então a luta interior, aquela que nos libertará do orgulho destrutivo e que nos capacitará como seres humanos para formar uma sociedade mais digna e mais justa.


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