Arqueologia ou Geologia? que histórias contam as formações graníticas de Florianópolis?

     O conhecimento nos faz mudar, com frequência, o caminho a ser percorrido. Assim ocorreu comigo! Antes, através de uma breve busca no Google ou em sites de empresas de turismo, eu encontrava informações a respeito dos lugares por onde eu passava. Porém, com o tempo, essas informações se tornaram inconsistentes com a realidade dos fatos. Não mais satisfaziam os interesses da minha mente questionadora. É interessante como a história pode ser alterada através da narrativa. Na medida que o conhecimento aumenta, fica difícil manter uma posição fixa sobre acontecimentos pretéritos. Afinal a história pode ser contada a partir de um determinado ponto de vista. Não quero de forma alguma me exaltar como historiador; pois não sou. Entretanto, como buscador interessado, cabe a mim questionar tudo aquilo que se apresenta como informação definitiva e consolidada.

        Baseado nessa premissa é que vos apresento essa fórmula aventureira de contar histórias, sobre os lugares por onde nossos pés marcaram as trilhas. Não será uma tarefa muito fácil! já esbarrei em contradições e falta de informação. Mas, pelo menos, terei sempre a chance de me retratar nos episódios vindouros, no blog ou nos vídeos. Será possível corrigir o rumo da proza, a fim de manter a verdade acima da opinião. Convido todos os amigos para este engajamento na nova versão de Histórias na trilha. Começando pelo início, me afasto aqui do pleonasmo ou da redundância, pois nada impede que se conte a história de traz para frente. Espero que compreendam a razão desse circunlóquio! Sigam meus canais de comunicação e embarquem numa viagem além do tempo!

    Formação interessante no morro Pedra de Listra

       Nós, do grupo WAF Aventura, como é do conhecimento de todos, temos propostas diferenciadas e diversificadas em nossas atividades. As questões propostas, por nós, vão muito além da simples possibilidade de praticar um esporte, trilhar ou promover encontros. É fundamental que haja um aprendizado, vivenciando profundamente os caminhos percorridos. Cada vereda nos oferece a oportunidade de conhecer um novo mundo! Obedecendo os critérios descritos, mas também ouvindo nossos chamados interiores é que surgem as proposições das atividades. Não poderia ter sido diferente quando fui questionado sobre um determinado local, cadastrado no Google Map como: "Construção megalítica antediluviana". 

            Confesso que fiquei surpreso com tal questionamento, pois eu nunca havia ouvido algo parecido. Primeiramente, sem prestar muita atenção ao que me haviam perguntado, imaginei que se tratava de um local bem conhecido por nós... a Pedra do Balão, um desses monumentos megalíticos envoltos em misticismos e com muitas teorias a respeito do surgimento daquele imponente bloco de granito. Então, através das redes sociais, no mesmo final de semana, a pergunta é repetida por intermédio de pessoas diferentes. Um alerta vermelho acendeu em minha mente! Resolvi obter mais informações a respeito do assunto. Infelizmente tudo o que consegui foram umas poucas fotos do local que nada esclareceram minhas dúvidas. Imaginei que se tratava de um sítio arqueológico, não descarto tal possibilidade, mas só havia uma maneira de descobrir a verdade. Visitando o local!

       Organizamos então uma trilha para chegar no ponto de coordenadas geográficas, estabelecidos no Google Earth, transposto para os dois GPS's que usamos para navegar. Batizei o local como: "CMAD". Motivei um pequeno grupo para o desbravamento. Partimos com entusiasmo para executar a missão. Cérebros focados em princípios científicos, a fim de não contaminar o pensamento com histórias mirabolantes, partimos rumo ao Morro Pedra de Listra. Boa parte do trajeto era bem conhecida daquele pequeno grupo, aproveitamos a oportunidade para fazer alguns reconhecimentos extras e pouco importantes. Depois de pouco mais de seis km percorridos por trilhas conhecidas, em um ponto nominado por nós como: "Trifurcação"; enveredamos à direita rumo ao desconhecido. Pelo menos para nós!


            Seguindo por caminhos desconhecidos, guiados pela indicação do GPS, começamos a nos deparar com interessantes formações graníticas. Algumas lembrando figuras de animais, outras pareciam abrigos. Em alguns pontos a quantidade de blocos de granito e a proximidade deles um do outro era tanta, que lembrava uma cidade perdida no meio da selva. Conforme avançávamos a trilha se tornava cada vez mais íngreme; tínhamos grande dificuldade para progredir em alguns trechos. Sempre rodeados por interessantes blocos pétreos, com frequência, eles nos desviavam do caminho que deveríamos seguir, a fim de fazermos uma observação mais detalhada. Cada um daqueles desvios aumentava um pouco mais o percurso. Até que, em determinado momento, já exaustos, nos deparamos com uma fortaleza de pedra. Alguns pontos dela tinham trinta metros de altura ou mais. Ficava bem no caminho que precisávamos seguir. Primeiro tentamos um desvio pela direita, abrindo caminho com o facão, numa vegetação terrivelmente fechada. O único ser vivo, além de nós, que encontramos, foi uma jararaca de tamanho razoável, que certamente não entendeu o que aqueles desavisados faziam ali. Num determinado ponto fomos vencidos pelo mato e pela pedra. Retornamos então, para tentar uma abordagem pela esquerda do ponto onde havíamos nos deparado com a imponente rocha. A mesma cena se repetiu. A parede de pedra formava uma espécie de coroa, protegendo um círculo com mais de trezentos metros de diâmetro. Era uma fortaleza intransponível!

                Nosso objetivo estava muito perto, mas aquela fortaleza não nos permitiu seguir em frente. Voltamos então, agora descendo aquele trecho íngreme, que nos dificultou a caminhada morro acima, agora nos dificultava caminhar morro abaixo. Retornamos uns quinhentos metros até encontrar a trilha já percorrida, investindo nela por um caminho à esquerda da coroa de granito. Mais aclives, árvores caídas, samambaias gigantes e todas as espécies vegetais contendo espinhos e acúleos que insistiam em nos fazer desistir do intento.

                Mas os guerreiros não desistem das batalhas apenas por serem difíceis! Finalmente o esforço foi compensado. Lá pelas tantas nossa visão clareou. Chegamos em uma pedra onde foi possível obter uma visão panorâmica com um ângulo superior a duzentos graus. Estávamos no topo. Lá de cima não conseguíamos ver a coroa de pedra que, pouco antes, havia bloqueado nosso caminho. 


                Mas chegar ao topo não foi suficiente! onde estaria a tal "construção megalítica antediluviana? Encontramos sim o que parecia um mar de samambaias gigantes antediluvianas. Cobriam tudo! Pedras e trilhas. Umas poucas formações graníticas, mais altas que a média, podiam ser observadas em meio aquele verde uniforme. Também era possível observar troncos secos de árvores; como se fossem guardiões fantasmas do lugar. Em 2020 um incêndio florestal aniquilou todas as árvores mais altas, deixando apenas aqueles troncos esqueléticos e esbranquiçados.


        Enfim, se quisermos saber se existe algo interessante, seja na área de arqueologia ou na área da geologia, precisaremos primeiro roçar aquele imenso mar de samambaias. As poucas trilhas abertas no meio delas não nos revelaram nada importante. Chegamos apenas em alguns mirantes, que revelaram aos nossos olhos aquela magnífica paisagem, mostrando que ilha da magia é sempre maravilhosa para quem estiver disposto a conhecer suas nuanças. Foi um perrengue danado, mas voltamos de alma lavada, com uma alegria incontida pela descoberta que, certamente, renderá outras expedições; talvez um acampamento, para que possamos limpar um pouco o terreno, obtendo assim respostas definitivas para nossos questionamentos.

    Tudo o que sobe tem que descer, confirmou-se o antigo ditado. O dia foi longo e cansativo, mas o retorno não foi difícil por isso. Para completar essa narrativa; por descuido acabamos errando o caminho de volta. Quando nos demos conta do erro já havíamos percorrido uns seiscentos metros morro abaixo. Embora tivéssemos chegado muito próximo de um ponto de fuga para a rua Virgílio Várzea, a noite começou cobrir tudo com seu manto escuro. Melhor mesmo era voltar o trecho percorrido, mesmo sabendo que era morro acima. Encontramos o caminho certo num lusco fusco que, dentro da mata, era um pouco mais escuro ainda. O finalzinho da aventura foi dramático. Escureceu totalmente quando tínhamos um árduo trecho para percorrer. Terreno liso, esburacado, coberto das tais samambaias que, a meu ver, serão as herdeiras de toda a terra. Demoramos muito mais do que o normal para percorrer aquele trecho cheio de voçorocas. Muitos tombos... tantos foram que se tornaram um estilo de trilhar. Embarrados chegamos ao Posto BR da SC401 em Cacupé. Ali confraternizamos por quase uma hora. Muitas risadas e muitos planos completaram nossa atividade. As 21:30 cheguei em casa. Tinham mais de quatrocentas mensagens no celular, muitas delas da minha filha Francine, preocupada comigo pela falta de respostas ao longo do dia. Respondi para tranquilizá-la, joguei a calça que eu vestia no lixo, tomei um banho rápido e dormi o sono dos justos.

                                        Viva o mundo da aventura!

            Participaram desta atividade os seguintes guerreiros e guerreiras:

            Sandra Santos

            Simone Costa

            Douglas Batista

            Marino Casagrande

            E eu... Kako Aransegui

            

                    Se você gosta de aventura e amizade, conheça os canais de comunicação do WAF Aventura acessando o link abaixo. Acompanhe-nos também no YouTube.


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