Descobrindo Naufragados

     Já me tornei repetitivo ao falar da ilha da magia! Não tem como não ser. As belezas encontradas por aqui também não causam mais surpresas. Quando meus olhos se deparam com alguma das maravilhas locais, apesar do êxtase momentâneo, a mente inquisitiva automaticamente se prepara a fim de absorver o impacto daquilo que virá depois. Como se fossem profecias, novas paisagens são expostas, trazendo a sensação de que não existem diferenças, nem lugares, nem roteiros. Tudo é beleza, tudo é emoção!

    Em Naufragados não foi diferente. Porque em Floripa, basta uns poucos metros quadrados de área, para esconder relíquias. nosso objetivo era localizar e explorar a caverna Ponta do Frade. Mas depois de poucos passos naquele costão, as descobertas começaram. Tanto que a caverna ficou em segundo plano.


    Naufragados tem uma história muito rica. Talvez seja um dos lugares com mais histórias para contar. Começando pelo nome. Existem algumas teorias. Vou descrever rapidamente as que mais provavelmente deram origem ao nome "Naufragados". É apenas uma pequena parte das histórias contadas sobre o lugar. Terei que produzir um vídeo, bem longo, para contar todas essas histórias.

  A primeira teoria sobre esse nome, remonta ao século XVI, o navegador espanhol, Juan Dias de Solis, um dos descobridores e fundadores de Buenos Aires, havia sido enviado pela coroa espanhola, a fim de averiguar relatos de espiões, que uma expedição portuguesa de 1514 havia feito contato com índios charruas, que viviam onde hoje é o Uruguai; estes entregaram ao líder um machado de prata, contando uma história que a ferramenta procedia de um império muito rico...  Juan Dias de Solis tinha a missão de verificar a veracidade do fato. Ocorreu que quando a expedição dele, que era composta por duas naus, adentrou o rio da Prata, atracando em região hostil, ao desembarcar Solis foi morto e literalmente comido. Os marujos sem o líder conduziram a expedição de volta, rumo ao norte, mas quando chegaram em naufragados, uma das caravelas tentou entrar na baía sul e naufragou. 17 marujos, segundo o historiador Eduardo Bueno, sobreviveram. Os os náufragos da expedição de Solis ficaram na ilha muito tempo. Teriam identificado a Praia do extremo Sul da Ilha, virada para o alto mar, com o título de Praia dos Naufragados. Esses 17 marujos eram possivelmente degredados, 11 deles foram capturados posteriormente por Cristóvão Jaques numa expedição portuguesa que fazia a guarda da costa brasileira.  Os seis que escaparam viveram por longo tempo com os índios carijós, tiveram várias mulheres e filhos com elas. Ali pelas redondezas de um local denominado Porto dos Patos, hoje Enseada do Brito. Ouviram daqueles índios a mesma história que os portugueses ouviram lá na região do Prata. Foram responsáveis por desbravar o caminho de Peabiru. Mas isso é outra história bem longa!

    Um segundo episódio, o dos açorianos, é mais contundente. Uma Galera que levava 250 açorianos, retirados da Ilha de Santa Catarina, após permanência de três anos de adaptação, para irem fundar, como o Brigadeiro Silva Paes a hoje Cidade de Porto Alegre, naufragou ao passar pela Barra Sul. Quase todos os açorianos morreram, tendo a maioria dos corpos dado nessa praia e lá foram sepultados. Morreram 241 pessoas. Talvez essa versão para a denominação de "Naufragados", seja a mais acertada.

    Mergulhados na riquíssima história do lugar, nós do grupo WAF Trilhas e Aventuras, resolvemos iniciar uma sequência de trilhas temáticas e investigativas. No dia 16 de junho de 2022, fizemos a primeira expedição, focada na localização e exploração da caverna "Ponta do Frade", localizada na região homônima, que fica no extremo leste da praia Naufragados .
    Nesta primeira tentativa, devido às condições do mar, não foi possível acessar a caverna. O que não significa termos  "perdido a viagem". Ao contrário: Foi muito produtiva. Além da bela confraternização entre os que participaram, nossos olhos vislumbraram paisagens magníficas, marcantes demais para quem tem espírito aventureiro. Deu vontade de ficar por lá mais uns dias.
    
    Chegar até a praia de Naufragados é bem fácil, percorrer o costão da Ponta do Frade é bem diferente. A pitoresca  paisagem dificulta bastante a vida do explorador. Enormes blocos de granito, as vezes separados por sólidos rios negros de basalto, constantemente açoitados pelo mar. O mínimo descuido pode causar um acidente grave. Foi exatamente por conta desses recortes e perigos naturais, que fomos impedidos de entrar na caverna. Uma furna de abrasão marinha, cuja entrada, na hora que chegamos, estava sendo castigada continuamente pelas ondas. Embora o mar estivesse calmo se tornou perigo iminente, tentar atravessar aqueles poucos metros de costão que nos separavam da furna.

    Resolvemos  transformar a exploração em passeio. Nos dirigimos então para a extremidade oposta da praia. Lá estão localizados o Farol, construído em 1861 e os canhões do sistema de defesa do forte marechal Moura; apesar de antigos são os mais novos da história das fortalezas. Sendo instalados naquele lugar no comecinho do século XX, entre 1909 e 1913 (Caldas 1992). 
Atualmente restam somente alguns trechos de muralhas e o armamento original de três canhões Armstrong de 120 mm C/40, fabricados em 1893, e que ainda se encontram em razoável estado de conservação.

        Assim o dia passou rapidamente. Retornamos ao cair da noite. Rememorando as paisagens e conversas, encerro aqui essa narrativa, pois corro o risco de me expandir demais, deixando de postar apenas um registro no blog, para escrever um livro de muitas páginas. Se você gostou dessa narrativa deixe seu comentário aqui no blog. Não esqueça de curtir nosso canal no YouTube. Dá uma passadinha por lá, inscreva-se e deixe o seu joinha!











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