Explorando as cavernas Larvas, Pedra de Listra e Trilha Subterrânea.

         Enquanto eu escrevia o livro "Cavernas da ilha de Santa Catarina" me deparei com um dilema: Na medida em que avançava pesquisando sobre as cavidades aqui da ilha da magia, novas cavernas eram descobertas, me obrigando acrescentar mais páginas ao livro. Num determinado momento cheguei desistir de publicá-lo, pois enquanto eu explorava, quase que solitariamente cavernas que já haviam sido cadastradas, novas descobertas aconteciam. Além de mim, espeleólogos dedicados, faziam também suas pesquisas. Em seis anos me aventurando como espeleonista o número de cavernas cadastradas quadruplicou. Meu livro ficou inviável de ser publicado na forma inicial imaginada por mim. Primeiro por questões econômicas; complicadas ainda mais pelo meu tempo disponível para escrever e organizar tantas imagens coletadas; depois por questões referentes à minha própria exigência estética da obra. Tamanhas foram as dificuldades, que em determinado momento resolvi interromper a pesquisa a fim de poder organizar tudo. 

         Antes feito do que perfeito! Mais de um ano após o lançamento do livro, o espeleonismo acabou me viciando. Se faz necessário uma segunda obra a fim dar maiores esclarecimentos. Foram tantas emoções e descobertas maravilhosas que não me é permitido guardar segredo delas. Enquanto não me for possível organizar o novo livro, vou divulgando minhas imagens e informações através dos meios disponíveis no momento. Até porque, caso eu não consiga concluir o novo livro, as informações estarão disponíveis publicamente para quem se interessar pelo assunto.


            Cada nova descoberta atiça mais a curiosidade, provocando sempre novas investidas a fim de desbravar caminhos em busca de novas cavernas. Embora as cavidades descritas neste episódio já tenham sido cadastradas há certo tempo, nós do grupo WAF Aventura, ainda não havíamos feito a exploração delas. Tarefa não muito fácil por sinal; pois são cavernas de difícil acesso, repletas de salões em vários níveis, que submetem o explorador a grandes esforços físicos. Não são cavidades gigantescas, entretanto são muito desafiadoras e perigosas. A gruta Larvas (SC55), a gruta Pedra de Listra (SC88) e a gruta Trilha Subterrânea (SC150), são semelhantes em muitos aspectos, diferenciando-se uma da outra pelos espeleotemas.


                Estas grutas não facilitam muito a vida de quem quer escrever sobre elas. Daria quase um livro só para descrevê-las detalhadamente. São compostas por múltiplos salões que possuem peculiaridades, parecendo ser um sistema isolado do restante da caverna. É impossível numa única investida, descobrir todos os segredos guardados na escuridão profunda. Foram feitas três investidas em cada uma destas cavidades; garanto aos amigos aventureiros que muitas outras serão necessárias.


                A principal dificuldade para explorar as cavernas de blocos de granito daqui da nossa ilha da magia, é justamente a locomoção dentro delas. Rastejar por túneis estreitos, adentrar poços relativamente profundos, pois muitas delas tem prospecção vertical, ralar a pele na dureza e aspereza dos granitos; não raro com superfícies afiadas como facas, andar por dentro de rios subterrâneos, se equilibrar em cima de pedras lisas, sempre acompanhado pela escuridão profunda, iluminada eventualmente por uma claraboia, apenas para nos lembrar que ainda existe luz lá fora. Com frequência perdendo o senso de orientação, de tanto trocar de salões, que aparecem para cima para baixo, para a esquerda ou para a direita.  Essas três grutas citadas nesta narrativa abrigam dentro delas todas essas características.
    
                Para aqueles que são apaixonados por aventura, as dificuldades oferecidas pela natureza das cavidades, funcionam como incentivo para continuar. Somos acometidos por uma espécie de ânsia, que nos motiva a dar mais um passo a fim de olhar de perto o que está poucos metros adiante, depois de um estreito túnel, que a lanterna ilumina mas a visão não consegue detalhar muito bem aquilo a luz expõe aos olhos. Todas essas dificuldades para a exploração, são compensadas por belezas ocultas e surpreendentes que se apresentam em cada um daqueles salões. Torna-se uma visão exclusiva para os que insistiram em superar tantos obstáculos, intransponíveis talvez para muitos aventureiros.

                    Tenho uma preferência muito especial pela Gruta Trilha Subterrânea (SC150). Um riacho subterrâneo que corre serpenteando a caverna formando pequenas piscinas naturais, é o destaque dessa maravilha escondida nas profundezas da terra. Difícil imaginar o poder das forças tectônicas que movimentaram e soterraram, há milhões de anos, aqueles gigantescos blocos de granito, por entre os quais, com tempo e paciência, a natureza, principalmente através da água, abriu condutos e passagens, formando paisagens que só estão disponíveis para os olhos de quem muito se esforçar para chegar até elas. 

                        Por ter me apaixonado pelo espeleonismo, sou bastante suspeito para falar destas maravilhas. De qualquer forma fica aqui o convite para quem quiser conhecer um pouco mais sobre esse imenso patrimônio natural da ilha de Santa Catarina. Conheçam meus canais de comunicação seguindo todas as atividades pelo site:





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