Trilhando em Floripa - Caverna Pedra Preta

      Mais uma vez a ilha da magia, nos surpreende! A investida  foi na caverna Pedra Preta, localizada no costão do Morro do Pântano em Pântano do Sul. Mas a emoção da trilha não foi apenas pela caverna, nem pela paisagem; sempre maravilhosa, que tantas vezes nossos olhos já vislumbraram. Aquelas pedras já conhecem nossas pisadas e aquele mar azul sempre fica mais bonito quando nos aproximamos. O verdadeiro espetáculo ficou por conta dos participantes e aquela indescritível alegria que tomou conta de todos. Como é bom estar junto de pessoas assim!

        Foi um sábado de muita alegria e alguns perrengues. Dizem que tudo vale a pena se a alma não é pequena. Desta vez deve ter sido um encontro de gigantes; se considerarmos o tamanho das almas! A paisagem tão linda daquele lugar foi apenas coadjuvante das belezas expressadas em forma de sorrisos, gestos, brincadeiras. Era tanta energia que poderíamos dar choque caso ficássemos muito próximos. Exageros a parte, só é possível descrever aqueles momentos através do sentimento e da emoção. E isto é coisa pessoal, cada um tem sua própria forma de sentir e se emocionar. De minha parte a palavre "perfeito" não é suficiente para definir os momentos.


               É verdade que o dia colaborou em tudo, sol brilhando, temperatura agradável, talvez um pouco quente quando expostos ao sol. Nosso objetivo era explorar a caverna Pedra Preta; localizada no costão do Morro do Pântano. Já havíamos feito dua tentativas anteriores sem obter sucesso.
                  O local é imponente, um mini cânion com paredes praticamente verticais em alguns pontos com mais de sessenta metros de altura. A erosão marinha e as infiltrações de água tornaram aquelas paredes um perigo iminente para os aventureiros menos cautelosos. Arestas afiadas, gravatás, desmoronamentos; armadilhas montadas espreitando os desavisados. O trecho da praia do Pântano do sul até a caverna tem uns 5 km; mas é preciso seguir em marcha lenta por conta dos perigos do caminho. Um pequeno tombo naqueles peraus de pedra pode ter consequências bastante graves.

                 O trabalho maior começou começou com a montagem do rapel que daria acesso à caverna. Tudo contra os aventureiros. Os gravatás sempre contundentes nas insinuações deles, nos cutucavam de todas as formas, capim alto, ponto de abordagem desajeitado, completando o quadro, mutucas, vespas e abelhas sempre zoando ao nosso redor. O mais difícil era conter as mutucas na ânsia que possuíam por sangue novo. Enfim, os primeiros obstáculos foram vencidos por uma parte do grupo, outra parte já estavam providenciando local para o almoço, e aí, o desafio era encontrar uma sombra refrescante; porque embora a brisa marinha fosse refrigério para corpo e alma, aquelas pedras guardavam um calor infernal. 

               Enquanto a turma se acomodava e faziam inspeções nos arredores, marino eu cuidávamos da infra estrutura para explorar a caverna. Durante a minha descida de rapel, Marino preparava cordas em local adequado para fazer o meu resgate. A ideia é que todos descessem até a caverna. Mas somente quando cheguei lá em baixo é que pude observar com clareza todas as dificuldades e riscos à segurança. Já em pensamento abortei na hora aquela missão e comecei a me preocupar com meu auto resgate; pois o local onde eu havia planejado subir, visto lá de baixo, era completamente distinto do que eu havia planejado quando olhei lá de cima. Confesso que fiquei bastante preocupado. Tínhamos que nos comunicar por rádio e, de certa forma, isto abrandou um pouco a solidão e o medo. Sabendo que tinha lá em cima alguém que poderia ajudar. Relaxei um pouco e fui explorar a caverna! Afinal já estava no inferno não custaria nada fazer uma visita ao diabo.
                                                     Assista o vídeo 1


             A caverna não possui muitos atrativos embora manifeste um certo esplendor! A parte mais alta do teto tem em torno de vinte metros de altura. O que mais fica evidente dentro da caverna são os desmoronamentos. Paredes desmoronam por dentro devido à infiltração de água enquanto pelo lado de fora tudo se desmancha pela ação do vento e da água. As rochas se fragmentam e ocorrem pequenas avalanches. O piso da caverna é um exemplo clássico do que estou tentando narrar. O portal de entrada fica num plano bem elevado; para adentrar na caverna é preciso vencer um declive íngreme cheio de pedras soltas. Quando chegamos na parte mais baixa do piso para acessar o fundo da caverna é preciso vencer um aclive igualmente acentuado e com muitas pedras soltas. A parede do fundo possui um formato de concha e tende aumentar com os ditos desmoronamentos. O piso forma na verdade um imenso "V". Bem ali na base do "V" os pés afundam em cocô de morcego, ou "guano", um excelente fertilizante natural. Parece húmus e não tem cheiro ruim.
                                              Assista o vídeo 2

           Quando analisamos a entrada da caverna, percebe-se que é uma rampa de pedra que ha muitos anos vem desmoronando. É possível concluir, com pouquíssima margem de erro, que este portal de entrada,  é apenas o que restou do portal  primitivo, que deveria ter um pé direito bem alto, a exemplo de outras cavernas encontradas naquela região. Com tantas avalanches de pedras formou-se uma rampa que atulhou quase completamente o portal. Dentro da caverna não deve ter sido diferente. Embora eu seja incapaz de calcular o tempo que levou para atulhar tudo aquilo, acredito que  em determinado momento o piso da caverna, bem como o portal de entrada estavam no nível do mar, pelo menos trinta metros abaixo do onde está hoje. Naquela época a caverna deveria possuír uma suntuosidade bem maior!

                Não foi muito demorado explorar a caverna, mas era preciso retornar; foi aí que me dei conta de onde eu estava metido! Nestas alturas do campeonato o Marino já havia providenciado, lá de cima, a ancoragem da corda por onde eu deveria me auto-resgatar. Na verdade duas cordas, pois é sempre melhor prevenir do que remediar. Não foi fácil progredir para cima sem equipamento de ascensão adequado. O esforço físico, os movimentos lentos, calor e corpo desidratado, tornaram lenta demais a recuperação para o topo. Para complicar um pouco, quando eu estava mais ou menos na metade da parede, ascendendo lentamente, senti uma chuva de pedrisco e um ruido de desmoronamento, causado pelo movimento da corda. Me protegi do jeito que deu, me espremendo contra a parede de rocha, aproveitando uma pequena reentrância providencial que ali estava. Foi então que senti um forte impacto na cabeça, pareceu que eu havia levado uma marretada. Por sorte o capacete absorveu muito bem aquele impacto e na sequência não vieram outras pedras maiores. Minha lanterna instalada no capacete não teve a mesma sorte que minha cabeça, na foto acima da pra ter uma ideia do que eu falo!
                                                        Assista vídeo 3

                  Pior de tudo seria comunicar ao grupo que não poderiam descer para apreciar a caverna. Confesso que foi o que mais me doeu no coração, por conta da expectativa, que eu mesmo havia criado, em torno desta atividade. Seria muita irresponsabilidade de minha parte conduzir o pessoal naquela atividade tão arriscada. Menos mal que a turma é super do bem e não faltou diversão para ninguém. Me reuni com o grupo novamente, depois de algumas horas desgarrado. recuperei a força com lanches deliciosos e muita água. O resto do dia foi de alegria naquele incrível cenário de mar azul. Pra encerrar uma confraternização lá no barzinho da praia do Pântano. Boa comida, cervejinha e muita risada. Alguém deseja mais que isso?
               Só me resta agradecer aos participantes: Soraia, Claudia, Marcia, Rosely, Stency, Marino, Fabrício e Marlon. Quem tem amigos assim vive feliz. Até a próxima aventura!













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