Em busca de cavernas - complexo do Monte Verde e do riacho subterrâneo


 Em nossas atividades procurando cavernas temos nos deparado,  frequentemente, com agradáveis surpresas. Não raro, também,  alguma decepção!  Recentemente estivemos visitando a região do Monte Verde e morro do Riacho das pedras.  Nosso objetivo no Monte Verde foi localizar e explorar as cavernas Rio Valdik e Monte verde. No  morro do riacho das pedras, um pouco mais ao norte,  o objetivo foi localizar a caverna do riacho subterrâneo. Estas cavernas estão catalogadas no "cadastro nacional de cavernas (CNC)". Mantido pela Sociedade brasileira de espeleologia.
     A caverna rio Valdik e a caverna Monte verde fazem parte de um complexo de túneis e salões subterrâneos formados pela acomodação de blocos de granito que foram soterrados. Percorrendo a região fomos descobrindo formações rochosas interessantes. Ao longo da trilha existe aberturas como se fossem tocas. Algumas só podem ser acessadas com sacrifício, rastejando. Outras permitem entrar em pé e com certa facilidade. Explorando estas cavidades descobrimos que tudo está interligado. Existem vários túneis conectando salões de diferentes tamanhos. Alguns com altura de poucos centímetros, outros com vários metros. Os túneis que interligam os salões provavelmente foram feitos pela água, que removeu a terra existente entre os blocos de granito.
A primeira caverna que localizamos foi a Rio Valdik. Confesso que foi um tanto descepcionante. Uma pequena gruta formada por blocos de granito por onde passa um riacho que parece brotar do fundo da terra. A entrada da caverna destaca-se por ser um pequeno salão onde é possível permanecer em pé. Uma passagem curta e baixa liga está sala a outra onde, no dia que visitamos, formou-se uma pequena piscina subterrânea. Saímos por uma segunda abertura e logo encontramos a entrada de um terceiro salão, não muito grande. Nesta sala uma raiz de árvore está avançando, crescendo e engrossando em busca de água. Uma paisagem muito interessante, como pode ser observado na foto acima.

    Deixamos a rio Valdik e fomos em busca da Monte Verde. Pela marcação do GPS deveria estar uns 120 metros dali. Mal percorremos a metade do caminho nos deparamos com uma formação rochosa com algumas aberturas. Pequenas na verdade, mais pareciam tocas. Resolvemos então adentrar por elas. Não poderia ser a Monte Verde, pois havíamos percorrido uns 60 metros apenas. Ao entrar numa destas aberturas, chegamos a um salão relativamente amplo. Observamos várias passagens, uma delas levava ao exterior da toca. Seguimos uma abertura que parecia ir para o fundo da terra. Por ali seguia também um riacho subterrâneo, acreditamos que seja o mesmo que brota na Rio Valdik. Esgueirando-nos por uma estreita passagem acessamos outro salão. Cada sala que acessavamos descobrimos novos túneis e passagens estreitas. Alguns eram muito baixos e formavam o leito do riacho. Não adentramos por eles por questão de segurança. Seguindo as outras passagens encontramos onze salões até sairmos para fora de novo; em outro conglomerado de blocos de granito. O riacho percorria todos estes compartimentos.

          Circulamos mais alguns metros por aquelas formações e o GPS indicou que estávamos na Monte Verde. Novamente entramos pela abertura maior que estava a nossa frente. Era como se repetisse a cena anterior em uma gravação. O mesmo cenário poucos metros adiante. Ao todo devemos ter rastejando uns cem metros de túneis e passagens estreitas. Localizamos 26 salões subterrâneos, mas deve existir muitos mais. Percebemos que o riacho era o elo de ligação entre todos aqueles salões. Atingimos nosso objetivo e vimos que as cavernas Rio Valdik e Monte verde fazem parte do mesmo complexo. Assim rebatizamos como: "Complexo do Monte Verde."

      Foram duas investidas nesta região, em dois fins de semana consecutivos. Na primeira tentativa me acompanharam a Márcia Eufrásio e o Nelson. Não tivemos muito sucesso na pesquisa por conta da chuva. Ela nos acompanhou de início ao fim
Na segunda investida meus acompanhantes foram o Marino e a Ge. Um dia em que tudo deu certo e, apesar do frio, o sol brilhou em todo seu esplendor.
    Uma semana depois Marino e eu fizemos nova investida, desta vez um pouco mais ao norte, no morro do córrego das pedras. Nosso objetivo era encontrar a caverna do riacho subterrâneo.
      Iniciamos nossa jornada pela SC 401 um pouco ao norte daqueles empreendimentos existentes ali na região do saco grande. Não conhecíamos a trilha. Seguimos caminho pela orientação da bússola do GPS. Não demorou muito e entramos em uma trilha abandonada, deve ter sido muito frequentada no passado, pois ainda restam estruturas feitas a capricho. Pinguelas, escadarias e guarnições, bancos e mesas para piquenique, feitas com toras de madeira ou pedras. Depois descobrimos que aquela região faz parte de uma APP. É a trilha do Jacatirão. Uma pena ter sido abandonada. O local é de rara beleza, com mata atlântica relativamente preservada. A caverna do riacho subterrâneo fica adiante, numa trilha cheia de surpresas e encantos, com lugares sinistros e perigosos, por conta de enormes fendas, algumas com mais de cinco metros de profundidade, que surgem por entre gigantescos blocos de granito parcialmente soterrados. Um cenário muito parecido com o Complexo do Monte Verde, porém muito mais difícil de explorar. A caverna recebeu este nome por conta do riacho que corre pelo interior dela. Por conta da semelhança com o sistema anterior que visitamos rebatizamos o local dando o nome de "complexo do riacho subterrâneo".
    O volume dágua deste riacho é bem significativo. Corre com certa velocidade, formando pequenas cascatas e produzindo um belíssimo som de água corrente. A caverna também é composta por vários salões, mas ao contrário da Monte Verde, o volume dágua do riacho não nos permitiu rastejar pelas fendas e túneis existentes. O sistema se prolonga talvez por uns setecentos metros. Tínhamos que contornar sempre pelo lado de fora. No caminho encontramos uma pequena represa onde é feita captação de água para a região.
           Acreditamos que tenha muita coisa para explorar por ali, pois encontramos apenas a ponta do iceberg. Aproveitamos parte do nosso tempo para seguir a trilha do Jacatirão, que havíamos localizado por acaso, logo no início de nossa jornada. Aquela região possui um número muito grande de cavernas, acredito que muitas façam parte de um único sistema, como foi descrito nesta narrativa. Continuaremos explorando estas cavernas. Na última atualização da Sociedade brasileira de espeleologia, que mantém o cadastro nacional de cavernas (CNC), existem 65 cavernas cadastradas na ilha, sendo que em nossas explorações temos encontramos outro

 cavernas não cadastradas.

Comentários

  1. Parabéns queridão, a cada nova investida, novas descobertas são feitas e cada dia fica mais interessante e necessário descrever tudo isso em um livro, pois são relatos preciosos e que resultarão em uma ótima leitura para os admiradores de aventuras.

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  2. 👏 é isso aí...
    Viver a vida soltar as amarras
    Sonhar explorar descobrir ser feliz e ficar muito mais feliz .

    Eu honro respeito amo a natureza !!!!!!

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