Em busca de cavernas - Complexo do monte verde


Em nossas atividades aventureiras, buscando cavernas na ilha de Santa Catarina,  muitas vezes, somos surpreendidos por incríveis formações.  Basicamente existem dois tipos de cavernas que prevalece por aqui. As cavernas formadas por blocos de granito (alguns gigantescos); e as furnas de abrasão marinha, esculpidas pela ação constante da água e do vento sobre as rochas. As furnas de abrasão marinha são facilmente encontradas pelos costões do leste da ilha, ao passo que as cavernas de bloco ficam mais próximas ao eixo longitudinal central dos diversos morros existentes na região.  
Praticamente todas cavernas que visitamos até hoje (ao todo 31) se enquadram nestas categorias, embora hajam muitas ainda por explorar. Apenas duas cavernas, destas já visitadas, que podem ser consideradas do tipo abismo ou fendas.
Mas eu falava de surpresas... um dos mais  surpreendentes encontros que tivemos com cavernas, foi nesta última investida que fizemos no Monte Verde. Nossa expedição visava encontrar duas cavernas registradas no CNC (cadastro nacional de cavernas); eram elas a "Rio Valdik CNCSC 62 e a Monte Verde CNCSC61". A primeira encontrada foi a Rio Valdik. Um pequeno abrigo composto por dois salões,  resultado do empilhamento de blocos de granito, dentro deste abrigo brota um pequeno riacho. Há também um acesso para um terceiro compartimento. Um pouco depois, descobrimos que este riacho segue por um complexo de túneis que interligam outros compartimentos próximos dali.
Localizamos a caverna pelas coordenadas que tínhamos marcado no GPS.  Foi um pouco decepcionante nossa descoberta, a caverna apesar das suas peculiares belezas, não correspondeu com nossas expectativas.  Partimos então em busca da Monte verde, pelo GPS ela deveria estar bem próxima,  120 metros em linha reta. Quando nos deslocamos aproximadamente sessenta metros nos deparamos com uma formação de blocos de granito onde se destacava uma "boca" de entrada que parecia profunda. Ela chamou nossa atenção. A princípio achamos que era uma caverna não cadastrada, pois as coordenadas não batiam com as da Monte verde. Havia pelo menos uns cinquenta metros de diferença em relação à nossa marcação no GPS. Adentramos por aquela passagem e nos deparamos com um salão não muito alto, mas podíamos permanecer em pé com sobra de espaço.  Deste salão escutávamos o murmúrio de água corrente; enquanto visualisavamos brechas que poderíamos entrar; eram túneis estreitos.  Seguimos então os caminhos que eram possíveis, algumas vezes, retornavamos ao salão principal para seguir outros túneis que iniciavam por ali.  Logo encontramos um segundo salão,  por onde corria um riacho subterrâneo.  Inicialmente batizamos o local por "caverna do rio pequeno". Continuamos restejando por entre os túneis que eram possível rastejar. Outros haviam, porém eram muito estreitos ou muito baixos para seguir. Pela luz da lanterna era possível distinguir que haviam salões no final daquelas estreitas passagens. Seguimos nosso desbravamento esgueirando nossos corpos com certa dificuldade. Cada novo salão que encontrávamos,  vislumbravamos novos túneis ou passagens. Alguns conduziam para o exterior da caverna, pois era possível perceber réstias de luz provindas das clarabóias. Rastejamos por onde foi possível encontrando onze salões; onde podíamos permanecer em pé e nos mover com facilidade. Acredito que tenhamos atingido uns vinte metros, ou mais, de profundidade. Finalmente seguimos por um tunel que nos levou a outra boca que usamos como saída.
A saída nos levou a outra grota, também formada por blocos de granito. Mal saímos de um sistema entramos noutro. Com características muito semelhantes. Voltamos a rastejar pelos estreitos túneis. Encontramos mais cinco salões antes de sair em uma terceira grota, muito sinistra. Outros acessos nos convidando para entrar.
Ao sairmos neste lugar conferimos no GPS... o local coincidia, aproximadamente, com a marcação da caverna Monte Verde. Percebemos então que tudo aquilo fazia parte de um sistema único.  O riacho subterrâneo era o elo de ligação daquele sistema. Exploramos as novas entradas daquela grota. Ao todo devemos ter percorrido mais de cem metros de túneis e visitamos 26 salões subterrâneos. Nada mau para um dia de aventura. Um domingo em que o sol brilhou com todo seu explendor, como se estivesse nos conduzindo, nos motivando através daquela maravilhosa luz, para descobrir aquele exótico cenário.

Album completo com fotos e videos.

Foram parceiros desta aventura: Marino Casa Grande e Gerlândia Trajano. Obrigado aos dois aventureiros,  pela disposição e alegria que me propiciaram nesta linda expedição. 

Comentários

  1. Realmente, Florianópolis é linda. Parabéns pelo artigo gostei.

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  2. Muito legal Waldo, eu acho uma experiência única. Deve haver muitas por aí com coisas para descobrir!

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  3. Pura poesia !.....o poder que o ser humano tem de ir em.busca do desconhecido só me faz acreditar cada dia mais que logo chegaremos a CIDADE PERDIDA ATLÂNTIDA ....Pois estamos na Ilha da magia né ....
    Parabéns pessoal.... eu estou admirando esse trabalho cada dia mais !!!

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    Respostas
    1. Pois é. O interessante nestas buscas é o despertar continuo da espiritualidade. O conhecimento adquirido é semelhante a uma bola de neve rolando montanha abaixo. Os pensamentos se alongam com as maravilhas encontradas. Ao Contemplar estes lugares parece que entramos em outra dimensão de tempo, onde o passado, presente e futuro se reunem no mesmo segundo, no pensamento da gente.

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