Em busca de cavernas - A vez da "Ponta da Bota"
Para os
aventureiros de plantão maio de 2018 encerrou com chave de ouro e junho iniciou
prometendo muita atividade! Na quinta feira 31 de maio, trilha noturna para
brindar a Lua cheia, sexta 01 de junho, contorno do morro das feiticeiras para
descobrir novos locais, e mais uma trilha noturna, sábado dia 02, trilha de
ingleses até o Morro do Rapa, visitando 5 cavernas; domingo localizando e
desbravando a caverna “ponta da bota”, uma jornada épica. Para quem gosta de
aventura acompanhe esta narrativa.
Inicio das atividades em 31 de maio. Fomos até a ponta do Barcelos, na pedra da guarita, fotografar a lua cheia. Logo abaixo a entrada da caverna da bruxa, no Morro das feiticeiras
Iniciamos a jornada no Morro do Rapa buscando pelas cavernas do Rei 1 e 2; estas bem mais fáceis de encontrar. As duas cavernas são muito próximas, entretanto só existe cadastro de uma delas no CNC. A caverna do Rei 2, que inicialmente chamamos de “caverna nova” possui uma entrada estreita, que penetra em um salão não muito grande e segue por um túnel estreito até outro salão, também pequeno. Ao todo a caverna se entende por uns 15 metros. Ambas são cavernas formada por blocos de granito.
Já a
Caverna do Rei, cadastrada como CNCSC 11, esteve interditada por algum tempo,
tendo sua entrada bloqueada por pedras e chapas de compensado naval. Atualmente
parece que abriga um morador, não encontramos ninguém por lá, mas havia
utensílios e um catre bem arrumadinho. Pelo jeito deve ser alguém que gosta de
receber visitas, pois deixou uma cortina de tecido grosso esticada na entrada
da caverna e disponibilizou um pincel atômico para registro de quem passa por
ali.
Antes de chegarmos a estas duas cavernas havíamos passado pela caverna da Bruxa (ou das feiticeiras), que fica praticamente numa área urbana no extremo norte do Balneário Ingleses, na praia das gaivotas. Uma caverna já bastante conhecida e muito visitada, tanto quanto a caverna do Rei (aquela do morador). Entretanto é uma caverna de muitos encantos e alguns mistérios; estes ficam mais por conta do nome do que pela caverna em si.
Antes de chegarmos a estas duas cavernas havíamos passado pela caverna da Bruxa (ou das feiticeiras), que fica praticamente numa área urbana no extremo norte do Balneário Ingleses, na praia das gaivotas. Uma caverna já bastante conhecida e muito visitada, tanto quanto a caverna do Rei (aquela do morador). Entretanto é uma caverna de muitos encantos e alguns mistérios; estes ficam mais por conta do nome do que pela caverna em si.
Mas o foco
da aventura estava justamente na caverna “Ponta da Bota”, no morro do Rapa. Eu já
havia feito pelo menos 3 investidas, sem GPS, tentando localizá-la. Nem
vestígios foram encontrados. Fizemos a primeira tentativa no sábado. Desistimos
porque chegamos num ponto, a vinte metros da caverna, que parecia impossível
se deslocar a partir dali. Além disso já era um pouco tarde, se tentássemos
provavelmente cairia a noite e a chuva que estava prevista, fatalmente teríamos
que abortar a missão. Resolvemos deixar para domingo a empreitada final.
Domingo
amanheceu maravilhosamente especial! Apesar de frio fomos brindados com uma luz
radiante e um céu praticamente sem nuvens. Nos dirigimos até o morro do Rapa
seguindo pela beira da praia até o final das gaivotas, depois continuamos nos
deslocando ora pelo costão, ora pela trilha das feiticeiras. Queríamos
aproveitar o deslocamento para fotografar a pedra da casa, que fica no costão,
mas nem sempre se consegue acessa-la devido as condições do mar.
Neste local
nos deparamos com um elemento suspeito. Tanto pela aparência, principalmente o
corte de cabelo, quanto pelo tipo de roupa. Sem querer deixar o preconceito
falar mais alto, provavelmente era algum foragido da justiça. Ele estava bivacado
numas pedras. Parecia esconder algo por lá. Topamos de frente com ele bastante apreensivos
e observamos certo tempo os movimentos que fazia... da parte dele também houve demonstração
de bastante desconfiança. Enfim passou... mas que sirva de alerta para
trilheiros que por ali circulam; principalmente meninas adolescentes. Fica a
recomendação para que nunca façam trilhas solitárias por ali.
Por fim
chegamos ao morro do Rapa, no mesmo local onde, no dia anterior, havíamos desistido
da empreitada. Começamos desconfiar que havia algum erro com as informações
disponíveis. Era algo impressionante. Míseros vinte metros nos separando da tal
caverna e não podíamos visualizar nenhum vestígio dela, nem encontrar uma
passagem segura. Nos embretamos uns poucos metros no meio daquela vegetação
densa, que praticamente nos encobria. Logo nos deparamos com uma boçoroca profunda. Experimentei a
profundidade com meu bastão de caminhada, que estava com 1,25 metros de
regulagem. Não consegui tocar o fundo da barroca. Por ali não adiantava seguir!
Resolvemos
então contornar a vegetação seguindo na direção de um rochedo localizado
mais ao sul, pois suspeitamos que a caverna fosse por ali e não na marca do
GPS. Vegetação muito densa mas foi possível se locomover no meio dela. Ao chegar nesta
formação rochosa, em um fenda enorme, constatamos que nada havia por ali. Resolvemos então partir dali, para o rumo que apontava o GPS. Rastejamos por entre
rochas e plantas, contornando com dificuldade certos obstáculos. Tínhamos a
indicação que estávamos a 6 metros da caverna, entretanto não visualizávamos vestígio
nenhum dela. Mais uma vez desconfiamos que nossa informação de local não era
correta. Precisávamos tomar a decisão, abortar ou arriscar abrir uma picada de
qualquer jeito no meio daquela atafona. Fizemos a segunda opção... bingo! Havíamos
tomado a decisão correta! De repente a boca da caverna surgiu a nossa frente,
muito pequena e camuflada. Era uma caverna formada por blocos de granito.
Para
adentrar a tal caverna tivemos que rastejar por entre aqueles blocos de
granito. O ambiente era sinistro. Parecia até um filme do Indiana Jones. Para
quem imagina que estas formações são como estas grutas ou tocas onde existem
imagens de santos, como sendo a fisionomia de uma caverna, aquilo ali seria uma
decepção. Uma bifurcação, logo na entrada, como se fossem dois túneis
estreitos, me convidavam para seguir um
deles... optei pelo da direita que seguia na direção nordeste. Era bem curto na
verdade, mas logo em seguida tinha um buraco com cerca de dois metros de
profundidade. Descendo neste buraco encontrei um salão pequeno onde era
possível permanecer em pé. Dali seguia outro túnel muito estreito que parecia
conduzir a uma saída no alto daquela formação rochosa. Neste momento gritei
para o Marino me seguir até aquele saguão. Dali, rastejando por outro túnel
chegamos a outra entrada da caverna; estava totalmente coberta pela vegetação e
por raízes e cipós que pareciam estar pendurados no teto, mas que vinham de
longe se esgueirando por fendas e passagens. Esta abertura nos trouxe novamente para o lado de fora. Não foi um caminho muito fácil. Rastejamos como ratos e, quando
saímos da caverna, em meio aquele matagal, fomos invadidos por uma alegria
incontida. Nos cumprimentamos e gritamos muito alto e tudo virou risadas!
Voltamos
então para o interior da caverna para explorar outros cubículos, e também
porque havíamos deixado todo o nosso equipamento nas mochilas, junto ao local
onde adentramos. Não era possível entrar naquele buraco portando aqueles fardos!
No reconhecimento final, descobrimos que algum ou vários animais se abrigam
ali. Talvez quatis ou algum graxaim. Não encontramos vida animal na caverna,
nem cobra, nem aranha. Talvez ela seja usada apenas para o abrigo de alguma
mamífero ou quem sabe lagartos.
O sofrimento do desbravamento foi compensado pela alegria que propiciou. Tenho certeza que esta narrativa desestimula muita gente fazer este tipo de aventura. Outros há que certamente buscarão imitar. Certo mesmo é que serão poucos aqueles com espírito aventureiro capazes de realizar uma atividade destas. Os que apenas se interessam pelas selfies em poses de ioga certamente não serão os indicados para esses perrengues.
Até a próxima aventura!
Kako.... estar com você nas trilhas não é só aventura... é aprender sobre a geografia, sobre a história, a vegetação, os animais....é uma mistura de conhecimento e emoção que nos faz perceber que a VIDA é para ser vivida... e com amigos... esta emoção e alegria ficam mais intensos.... MUITO OBRIGADA!!!!!!!!
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