Em busca de cavernas - Cabras
Desde o
início do projeto em busca de cavernas na ilha de Santa Catarina, que começou
em meados de 2017, tenho me dedicado a conciliar aventura, cultura e preservação
da natureza. A dedicação especial para estas formações provém de certa paixão
nutrida pelos mistérios da minha imaginação. Na realidade sou apaixonado pela
natureza, mas os morros e montanhas, as formações rochosas dos costões e as
cavernas frequentemente encontradas em minhas atividades de aventura, despertam
uma certa magia, algo que provoca o imaginário muito além das questões
racionais do pensamento. Não é só pelas formações geológicas em si. Há também
todo um passado que envolve a presença humana em sua rota de progresso
espiritual aqui neste maravilhoso planeta terra, que talvez devesse ter mais apropriadamente a denominação de “planeta
água”, onde as cavernas tem significado especial na sobrevivência de nossos
antepassados.
Comecei o projeto com uma pesquisa específica sobre cavernas
localizadas aqui, em Florianópolis, mais especificamente na região insular.
Algo muito simples, fruto de minha ignorância sobre o assunto, com poucas expectativas.
Felizmente tudo evolui... inclusive o pensamento. Muito aprendi nestas
aventuras que tenho compartilhado. Vejo que aquele resumido trabalho de
localização e classificação tem muito a ser acrescentado. Não que eu tenha qualquer
pretensão de dar a ele cunho científico.
Sou leigo, um pesquisador livre, um autodidata em busca da felicidade através
da aventura. O objetivo é despertar outros aventureiros para as maravilhas do
pensamento. Expandir o conhecimento a fim de criar consciência da importância
de preservar a natureza e suas formas. Em breve pretendo complementar o
trabalho com as experiências adquiridas ao longo deste primeiro ano de
vivências. Entendo que será apenas mais um acréscimo de informações, pois o
trabalho em si acredito que será contínuo, jamais estará completo, pois na
medida da ampliação do conhecimento novas questões atiçam a mente aventureira.
Até lá, fica aqui meu relato sobre minhas descobertas, acompanhado de amigos
fiéis e não menos apaixonados. Desta vez a narrativa é sobre a caverna das
cabras, cadastrada com CNC-SC 67.
No dia
12/05/2018, saímos em busca da caverna das Cabras, localizada no morro dos
Ingleses. Não foi a primeira tentativa, outras expedições infrutíferas, não nos
permitiram localizar a tal caverna. Agora munidos de um GPS e as coordenadas obtidas
no cadastro de cavernas nos envolvemos em nova busca. Anteriormente não havíamos
localizado a entrada da caverna, a exemplo de outras, porque tudo o que Eu tínha
como referência era a imagem do Google Earth, onde havia sido plotada as
coordenadas. Existe uma divergência entre estas imagens e a real localização. A
experiência pratica está motivando também a alteração de alguns dados daquele
trabalho citado, porém não é de interesse neste momento. Basta por agora falar
sobre a caverna.
A surpresa
foi o principal ingrediente desta aventura. Eu esperava encontrar uma furna de
erosão marinha. Entretanto me deparei blocos e mais blocos de rochas, com
passagens estreitas que conduziam a diversos salões. A princípio imaginei que
novamente estava errado e não iria encontrar o local. Caso fosse ali, parecia
ser esta uma caverna formada apenas por blocos de rochas, contradizendo as informações
que eu possuía. Na medida que adentrávamos (Eu e os amigos que acompanhavam) por
entre aquele salões de variados tamanhos, as surpresas aumentavam. Finalmente
os indícios de erosão marinha começavam aparecer. Naquele breu iluminado apenas
pelo foco de nossas lanternas encontramos um salão onde se bifurcavam cominhos,
como se fossem túneis. Estreitos e quase circulares. Em alguns lugares o teto
tinha aproximadamente dez metros de altura, noutros apenas alguns centímetros; Pareciam
funis... outros ainda nos conduziam a pequenos salões tão escondidos, que para
acessá-los era preciso rastejar em estreitas fendas. Uma caverna cheia de
mistérios e muitos caminhos.
Decidi então seguir por um
daqueles “túneis” verticais estreitos. Segui aquele a qual chamei de “principal”.
Percorrendo com certa dificuldade cerca de 50 metros quando me deparei com uma
claridade no alto. Achei muito estranha aquela luz, afinal parecia que estávamos
adentrando o fundo da terra. Com algum esforço consegui chegar ao ponto de luz.
Aquele túnel me levou diretamente dentro de outra caverna que havíamos explorado
antes... há cerca de dois meses; A “Encantada”, que é uma caverna de formação
vertical, uma espécie de poço gigante. Agora a mente clareava para o que
havíamos encontrado na expedição anterior, na tal caverna encantada. Um dos
buracos (assim definimos na época da descoberta) que programamos explorar em
outra oportunidade, era justamente o túnel de acesso à caverna das cabras que
acabava de ser percorrido; mas existem outros.
Não foram apenas dificuldade e
escuridão que encontramos. Bem no início, naquele amontoado de blocos (alguns
gigantescos) ao qual me referi no início desta narrativa, encontrei um salão
incrível, que denominei a caverna do fantasma. Dois pontos de entrada de luz no
alto deste salão imitavam dois olhos de fogo, parecendo a máscara do fantasma,
aquele personagem da história em quadrinhos, abaixo bem no fundo, o mar
penetrava com estrondoso alarido, em um poço, que variava sua profundidade em
mais de 5 metros de altura em poucos segundos; conforma a força da onda que
explodia na parte externa. Lá dentro não víamos o mar, apenas as aguas agitadas
do poço, iluminadas por aqueles olhos de fogo da máscara... ouvíamos aquele
colossal ruído num tom grave e poderoso, que provocava medo e alegria.
Algo Impressionante!
E assim desvendamos mais uma
caverna, mas a história não termina aqui, pois cada lugar que descobrimos nos
solicita outra visita. Nos convida para mais pesquisas, nos chama para uma nova
aventura. Como que pretendessem se desnudar aos poucos. Mostrando sem pressa
cada um de seus mistérios.
Foram parceiros nesta aventura:
Marino, Gerlândia, Rodrigo, Roseli, Davi, Felipe, e Selen. Sendo que os três últimos
tiveram a primeira participação no grupo WAF Trilhas e aventuras. Só resta
agradecer a Deus por esta oportunidade que tive de contemplar maravilhas Dele,
ao mesmo tempo poder estar na companhia de pessoas tão especiais. Agora é
preparar a próxima aventura. Tem a caverna dos Ingleses para ser descoberta.
Ali pertinho...
Aguardem!
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