Acampamento no paraíso - Costão da Joaquina
Não sei se
existe outo lugar no mundo que propicie tantas emoções e descobertas quanto a
Ilha de Santa Catarina. Aqui tudo parece convergir rumo ao encanto. Para os
amantes da aventura, a possibilidade de explorar lugares incomuns, nunca ou
muito pouco frequentados. É descobrir relíquias do passado dando asas à
imaginação; é marcar encontro com o conhecimento e o mistério.
Nestas
andanças aventureiras pelos caminhos e costões deste lugar, com frequência nos
deparamos com objetos, formas, paisagens
e pessoas que nos fazem compreender a razão pela qual é chamado de Ilha da
magia. Não tem sido poucas as nossas surpresas trilhando por aí. De norte a
sul, de leste a oeste, despontam
maravilhas!
Um dos mais
incríveis trechos de costões encontra-se no leste da ilha, mais precisamente entre
a ponta do Gravatá e Joaquina. Trilhando pelo costão temos aproximadamente três
km de belezas e muitas dificuldades de deslocamento. Talvez seja uma das
paisagens mais misteriosas da ilha, sem desprezar é claro nenhuma outra. Também
é nos costões do leste onde encontramos muitos vestígios de povos antigos; inscrições
rupestres e megalíticos posicionados de forma peculiar, lembram observatórios arque
astronômicos ou até mesmo templos a céu aberto. Existem inclusive pesquisadores
bastante interessados em desvendar estes mistérios.
Recentemente
nos deparamos com uma destas misteriosas maravilhas, o Dólmen da máscara, ou
pedra dos quatro furos. Tenho buscado respostas através de pesquisas e contatos
com pessoas que pesquisam sobre o assunto a muito tempo. Parece que a cada
passo em direção ao conhecimento, mais se aguça minha mente no sentido de
descobrir algo sobre a vida destas pessoas, que estiveram aqui muito tempo
antes de nós.
Este local
citado, possui no seu entorno incríveis formações rochosas, algumas parecem ter
sido estrategicamente colocadas ali com finalidades específicas. Uma delas
seria a observação do ciclo do sol e da lua. Alinhamentos perfeitos que ocorrem
em períodos específicos dos solstícios. Também algumas rochas de tamanho
razoável, que hoje rolam em desalinho, parecem que um dia tiveram uma posição
definida bem diferente. Algumas inclusive com cavidades lembrando cubas ou
bacias. É certo que pode ser algum desgaste natural de origem geológica, porém
chama a atenção a forma comum de algumas delas. Mais intrigante ainda é que
grande parte destas “cubas”, estão emborcadas. Outras ainda lembram esculturas,
principalmente de cabeças de animais. São comuns também as inscrições rupestres,
principalmente petróglifos (Gravação de imagens, representações ou grafismos que se encontram
nas partes interiores ou exteriores de cavernas, da autoria de homens dos
períodos neolítico e calcolítico). Embora, não tenhamos encontrado neste local
específico, tais inscrições são encontradas com certa facilidade ao longo de
todo o costão e também em algumas ilhas, como a do Campeche, que possui uma
grande coleção destes símbolos misteriosos.
Além de toda essa excitação por
respostas sobre um tempo muito antigo existe ainda a contemplação de maravilhas
da natureza. Prainhas isoladas, quase desertas, devido à dificuldade de acesso,
parecem pinturas de um quadro que tenta retratar o paraíso. Incríveis paisagens
que ficarão permanentemente desenhadas nas mentes daqueles que tiveram a
oportunidade de contemplá-las. Quem olhou para aqueles pequenos recortes na
paisagem rochosa dos costões, ainda que por breve instante, não poderá jamais apaga-los
da memória. Por mais dura que a pessoa seja de sentimentos! É uma incrível
sensação de bem estar que nos domina... uma vontade de permanecer ali,
indefinidamente. É contemplar uma imagem
que só pode ter origem divina. Ali naqueles costões fizemos três investidas
para reconhecimento e acampamos por três dias, numa destas prainhas, a qual
denominamos “prainha do meio”, porque não encontramos em literatura alguma o
nome daquele lugar. Nosso acampamento, que ocorreu entre 27 e 29 de abril de
2018, coincidiu com a chegada da lua cheia. Dispensável dizer aqui sobre nossa
visualização noturna. E se não é possível descrever deixo aqui algumas fotos
que comprovam. Foi muita emoção!
Para completar, tamanha alegria, só
a presença de amigos importantes que por lá estiveram. Alguns nos visitando,
caso do Marino, Rodrigo e Ismael; Márcia e Ricardo acamparam uma noite;
Fabrício, Soraia e Eu desbravadores em outras investidas ficamos o tempo todo.
Lhes garanto... só retornamos porque tínhamos compromissos. A vontade era
permanecer ali indefinidamente! Voltaremos!
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