Em busca de cavernas: Matadeiro/ Lagoinha do Leste


           

          Em todo o estado de Santa Catarina existem 80 cavernas cadastradas no CNC (cadastro nacional de cavernas), 57 delas estão aqui na ilha. Algumas possuem importância arqueológica, outras serviriam como atração turística. Infelizmente não existe, pelo menos para as cavernas localizadas em Florianópolis, um plano de manejo, ou mesmo uma tentativa de explorar de maneira adequada este patrimônio ecológico tão lindo. Considero que a única maneira de preservar tal patrimônio é através do conhecimento e conscientização. Afinal é um patrimônio que todo o cidadão brasileiro tem o direito de desfrutar. Não existe mais espaço para a filosofia que proibindo de visitar certos santuários, vai manter conservados tais locais. Também é preciso convir a dificuldade que os órgãos conservacionistas tem, não só pelas limitações de pessoal para fiscalizar mas também pelos escassos recursos materiais e financeiros. Porém numa cidade como a nossa, que tem o turismo por vocação, é inadmissível ver o que acontece com nosso patrimônio natural. Constantemente agredido por invasões da especulação imobiliária, que agrega áreas que deveriam ser públicas a um patrimônio particular.


            Neste barbarismo ecológico encontramos a redor da ilha os mais absurdos exemplos de desrespeito à natureza. Áreas cercadas impedindo o livre acesso ao mar ou aos morros, praias que foram fechadas tornando privativo o que é público, desmatamentos, proibição de transitar acampar ou até mesmo contemplar, Despejo de dejetos e águas pluviais diretamente nos ribeirões ou oceano. Praias que praticamente desapareceram porque a construção civil avançou mar adentro, principalmente com hotéis e condomínios de luxo. Cavernas que foram atulhadas para a construção de torres de telefonia ou estradas, cavernas pichadas, lixões que se formam em áreas de preservação como nas dunas aqui de Ingleses e também em encostas de morro... E por aí vai a imensa lista negra. Tudo demonstrando imenso desrespeito do homem pela natureza.


            Dentro desta filosofia de conhecer para preservar é que o grupo WAF Trilhas e Aventuras tem agido. Promovendo encontros, trilhas, desbravamentos e atividades esportivas como rapel e escalada, sempre com grupos reduzidos de pessoas, de acordo com padrões internacionais utilizados para o turismo ecológico. A ideia é levar as pessoas para o contato direto com a natureza esclarecendo formas viáveis desta convivência tão importante. Assim temos procedido e criamos um projeto para 2018 para levar ao conhecimento das pessoas o patrimônio espeleológico de Florianópolis. Nesta sexta feira de aniversário do município realizamos mais uma empreitada, visando localizar sete cavernas entre Matadeiro e Lagoinha do leste. Cinco delas são furnas de erosão marinha localizada em costões e com bastante dificuldade de acesso.


            A primeira caverna encontrada foi a de Matadeiro, uma pequena furna que deve ter se formado quando o nível do oceano era mais alto. Nesta furna encontramos, sinais de fogueira, pichações e um pequeno santuário bem na entrada, além da tentativa de moradores locais para impedir nosso acesso até a caverna. 


            A  segunda caverna, chamada Furna do Loui, Conforme o cadastro do CNC, está localizada dentro de uma área particular, não sendo possível o acesso até ela.
            Depois existem duas cavernas bastante próximas, Ponta do quebra remo e Preta. Não foi possível visualizar estas cavernas sem abrir uma picada em meio a vegetação, muito difícil o acesso por cima do morro. Talvez uma investida de barco possa nos dar uma visão melhor delas.


            Depois veio Gravatá, que também tivemos dificuldade de acesso por cima. Não encontramos uma trilha pronta para chegar até ela. Mais adiante fica a pomposa toca da Baleia. Um lugar incrivelmente lindo. Localizada em uns imensos paredões no costão do morro do Matadeiro. Tivemos a oportunidade de apreciar do alto toda aquela beleza, mas explorá-la depende de técnicas de rapel e escalada. Será planejada com calma e segurança uma segunda investida. O local é muito radical e usado para prática de Slack Line. Nos arredores haviam dez vias de High line, e muita gente participando das atividades.
             A última caverna do Morro do Matadeiro chamada de Lagoinha do Leste, não deu tempo de chegar até ela. Ficou para uma segunda etapa, mas parece não ser tão difícil o acesso.


            Deste dia de aventura, bastante exaustivo, ficou minha imensa alegria de ter participado deste desbravamento junto com a Soraia e Fabrício. Dois amigos de fé, companheiros constantes de atividades. Daqueles que não temem frio nem calor, nem insetos ou perigos. Sempre dispostos a colaborar. Formamos uma equipe nota dez, desfalcada da presença da Claudia, que não pode participar desta atividade. Também ela não mede esforços para aperfeiçoar as técnicas e expandir conhecimento. E quem ficou de ir e não foi, perdeu um dia maravilhoso. Cheio de vida, diversão e companheirismo! Agora é partir para uma segunda etapa. Tem muita caverna para descobrir e depois planejar o desbravamento delas. 

                                                  Álbum completo de fotografias

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