Trilhas de Floripa - Caverna encantada

     Em busca da Caverna Encantada
  

            As dez horas do dia 19 de novembro de 2017, um domingo com muitas nuvens, vento forte e frio, iniciamos a trilha com o objetivo de encontrar uma furna localizada no morro dos Ingleses no costão leste. Eram poucas e imprecisas as informações que possuíamos sobre a localização da caverna, que é uma furna de abrasão marinha. Razão pela qual resolvemos iniciar a busca a partir do início do costão norte da praia do Santinho.

                                      Marcação da trilha pelo Wikilog

            Boa parte deste costão já era bem conhecido, o extremo norte e o extremo sul foram percorridos em muitas oportunidades. Porém um trecho com cerca de mil metros jamais havia sido percorrido. (Pelo menos pelo costão). Até porque é muito difícil trilhar por aqueles imensos paredões que por lá existem. Alguns com mais de 50 metros de puro granito e praticamente verticais. A vegetação que prevalece é o gravatá, que muitas vezes dificulta o avanço ao ponto de impedir a continuação da trilha.

 
            
         O primeiro ponto de referência para a nossa busca foi a pedra da fenda, onde costumamos praticar rapel, portanto bem conhecida. Dali partimos em direção ao norte, tentando manter um caminho mais próximo possível do nível do mar, mas foram poucos metros e ficou impossível manter o plano. Um dos motivos é o próprio costão com suas paredes verticais, o outro é o nível do oceano. Este último é, inclusive, motivo de preocupação, pois a mais de três meses vem escondendo as praias da ilha e destruindo construções à beira mar.

            Fomos vencendo os obstáculo com muita dificuldade, mas logo veio a primeira compensação. Nos deparamos com uma série de petroglifos. Um magnifico registro deixado pelos primitivos habitantes da ilha ainda na pré-história. Aí tive minha primeira emoção, pois sou aficionado por questões arqueológicas. De repente, ali, resistindo ao tempo, impressos na pedra aquela maravilhosa coleção. O que quiseram eles transmitir com seus desenhos? Seria algum código ou uma simples expressão artística primitivista? Foram tantos os pensamentos que me rondaram! Provocaram ruídos em minha mente, despertaram fantasias e curiosidades. Ah Se essas pedras, que por milhares de anos guardam segredos, pudessem de repente falar! O que nos diriam? Será que falariam de amor ou de ódio? Ou, quem sabe, não houvesse sentimentos nestas pétreas inscrições! Apenas vida! Conduzidas por forças tão inexplicáveis quanto aquelas que movem as vidas de hoje. Ah pedras milenares! Conduzam a mim os espíritos que te fizeram instrumento de comunicação. Digam-me! O que eles queriam dizer?
         Foram alguns instantes mágicos. Uma mistura de emoção e perplexidade que eram multiplicada pela beleza e imponência do cenário. Simplesmente admirável!

                                                     Álbum de fotos 1

            Mesmo que não encontrássemos a furna, que era nosso objetivo principal, nossa busca já teria sido compensada. Mas continuamos! As dificuldades aumentaram e foi impossível transpor alguns paredões. Tivemos que buscar uma alternativa viável para escalar alguns trechos, continuando a trilha por cima, enfrentando os gravatás. Seguimos um trecho de mata fechada, numa trilha que nos afastou um pouco do costão por algumas centenas de metros. Retornando ao costão bem junto à tal furna. Em princípio não a percebemos, camuflada em meio a vegetação rasteira, aos matacões e paredes graníticas. Recorremos o local e fizemos uma parada para lanche e hidratação. Foi quando percebemos a entrada da furna. Mais um pouco de dificuldade para chegar até ela devido aos gravatás, como sempre! A primeira impressão é sempre a que fica. O que vimos foi um enorme buraco. Húmido, sombrio e muito bonito. Para acessar o interior tivemos que fazer rapel, pois deve ter uns 15 metros de profundidade desde a abertura até o fundo. A partir desse instante deixo que a fotografia revele os detalhes.

                                                      Álbum de fotos 2

            Missão cumprida. Encontramos a furna, que é conhecida como caverna encantada, mas também encontrei referência à denominação de "toca da onça". Sua localização exata é LAT 27º 26' 49,63" S - LONG 48º 21' 41.26" W. Descobrimos também uma trilha de acesso bem mais fácil do que aquela por onde iniciamos. Entretanto, os que quiserem a facilidade de acesso à furna não terão o privilégio de visualizar os petroglifos. Agora é programar uma nova aventura para um reconhecimento maior do local, a fim de propiciar mais facilidade a outros interessados nestas magnificas belezas da ilha de Santa Catarina.



Detalhes sobre a trilha

Nível de dificuldade - 4 (veja matéria no blog)
Tempo de percurso: 6 horas
Distância percorrida: 7200 metros
Riscos de contusão ou acidentes: Alto
Não recomendado para crianças nem idosos


            

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