A inteligência e a esperteza

 

            A sociedade brasileira está polarizada de todas as formas. Economicamente, politicamente, sociologicamente, emocionalmente. Como nação estamos separados. O preconceito se tornou a base ideológica de quase todos  os temas. Os espertos dominam todas as áreas, o que até certo ponto considero normal. Afinal, esperteza é sinal de inteligência, mas não é sinônimo. Aos espertos faltam valores éticos e morais. O que poderá  fazer um povo que vive sob a égide da esperteza? 

Tenho lido com frequência, nas redes sociais, publicações com frases de efeito sobre idiotas e idiotices. São tantas que despertaram meu senso crítico, acendendo em minha mente a luz vermelha de alerta contra o preconceito. A idiotia é uma espécie de deficiência mental, aqueles que dela sofrem são desprovidos do “bom senso” ou, pelo menos, são assim considerados. Os dicionários de língua portuguesa definem a palavra como “ignorância – falta de inteligência”. A psicologia define como “retardo mental e atraso intelectual profundo, com ausência de linguagem e muitas vezes acompanhado de deformações físicas”. O antônimo de idiotia é “esperteza”, definida nos mesmos dicionários como “qualidade de quem é esperto” e mais, considera como ação, método de ação ou comportamento de quem reúne qualidades como: Inteligência, sagacidade, rapidez, senso de oportunidade.
  Pois bem, conforme tais definições, deduzo que a solução para os problemas sociais e econômicos da humanidade esteja sob responsabilidade dos espertos. Afinal são eles os que melhor dispõe de condições intelectuais para promover mudanças efetivas. Assim sendo e por conhecer, na prática, as ações de pessoas espertas, que se utilizam das vantagens inerentes à superioridade intelectual, para produzir ações, métodos inteligentes ou procedimentos aéticos, para iludir a boa fé de alguém e obter assim ganhos ou vantagens, devo concluir que tudo aquilo que estamos vivenciando em termos de corrupção e descontrole econômico se deve aos espertos.
  Me senti então um tanto desanimado com este raciocínio, com o futuro das relações humanas e o progresso da sociedade brasileira. Por outro lado pude compreender o porquê de tanto ódio, intolerância e dificuldade para o debate como vem ocorrendo na atualidade. Estamos em uma sociedade dividida entre espertos e idiotas, os primeiros tentando o domínio em proveito próprio, aos outros resta apenas pelear utilizando a força física, pois, desprovidos das vantagens da inteligência nada podem fazer contra aqueles detentores de tal privilégio. Dificilmente os espertos visualizarão os idiotas com outros olhares que não seja do preconceito, tornando assim impossível qualquer ação ou tentativa de corrigir os rumos dos rotulados e classificados na condição de idiotas. O país está sob domínio dos espertos e por esta razão nada poderá ser feito para mudar os rumos desta sociedade que tanto combate a corrupção e clama por justiça social. Precisamos com urgência de sábios, porque os espertos perderam as qualidades éticas e morais. São poucos os portadores da humildade, tolerância, fraternidade e amor ao próximo, características que marcam a sabedoria.
      Quanto a mim... Resta-me apenas buscar o caminho da sabedoria e rezar para que outros se proponham ao mesmo fim. Entretanto, não posso crer em soluções de curto prazo, pois demora muito tempo para que um ser humano adquira sabedoria.

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