Relatos de uma aventura - Furna 2 do Santinho.
A
furna do Santinho, localizada no lado leste de morro dos ingleses, cadastrada
no cadastro nacional de cavernas como CNC-SC 41, foi um incrível desafio
enfrentado. Não só pelas dificuldades do relevo dos costões e da vegetação. Uma
série de fatores como força e direção do vento, altura da maré, a não
existência de trilhas naquele gravatal terrível, associado com outras plantas
pioneiras não menos cortantes, várias espécies de capins, bromélias e arbustos
espinhentos onde nem as cobras ousam rastejar, nenhum rato costuma penetrar, tornaram quase impossível a
exploração da caverna. Foram seis investidas, sendo que as três primeiras foram
só para localizar a tal grota, que só foi possível com a utilização de um GPS.
Na quarta tentativa nos deparamos com uma surpresa: tentando chegar na furna
cadastrada, buscamos um caminho pelo costão, devido à dificuldade de montar um rapel
no local, durante nossa aproximação descobrimos que havia outra furna, maior e
possivelmente ainda inexplorada, pois as ondas do mar penetram com força numa
espécie de cânion, muito estreito, com cerca de 80 metros de comprimento e
paredões verticais com mais de 30 metros de altura. Não conseguimos atingir nosso
objetivo pela impossibilidade de atravessar este cânion, mas batizamos esta
beleza como: "furna 1", pois foi a primeira realmente localizada.
Voltamos
no sábado dia 21/04/2018, para a quinta investida. Com equipamento de rapel a fim de atingir o centro
dos dois cânions, pois a furna 2, também tem formato semelhante, embora mais
larga e menos profunda. Também fica em nível um pouco mais elevado, não permitindo que as ondas cheguem dentro da caverna; pelo menos em condições normais. Novamente
fracassamos. A corda que trouxemos não foi suficiente. Para não carregar muito
peso nas costas naqueles caminhos difíceis trouxemos uma corda curta, imaginamos que seria possível descer um
trecho de rochas apenas com técnicas de escalada, porém ao observar de perto não
teve jeito. Trabalho perdido! Recomeçamos então no domingo dia 22/04/2018,
desta vez com corda suficiente para subir o monte Roraima (kkkkkkk). Montamos o
rapel e mais dificuldades apareceram, arestas afiadas, que cortavam mais do que
faca, não nos permitiam seguir um caminho reto, o rapel precisou ser
intercalado.
Quando
consegui atingir o ponto de entrada da furna, fui surpreendido por uma onda
mais forte, que parece ter vindo me saudar exatamente naquele momento! Um banho
de mar pendurado numa corda. Ali meus olhos se depararam com uma incrível
beleza e o coração disparou na emoção de observar toda aquela imponência. Foi
uma sensação tão incrível que, por alguns minutos, me desliguei totalmente do
plano terrestre, como se eu estivesse em uma viagem astral! Esqueci até do
Marino, que havia ficado numa plataforma mais acima, pois por segurança não
poderíamos adentrar os dois ao mesmo tempo naquele maravilhoso templo.
Passado o transe, iniciei o reconhecimento e liberei o Marino para descer, pois
ele também já estava ansioso demais.
Todas
aquelas dificuldades enfrentadas se desvaneceram da memória. Ficou somente
aquele ar de vitória em nossos olhares. Nenhuma palavra foi pronunciada, entretanto,
compreendíamos perfeitamente aquela
tácita linguagem que permaneceu por longos minutos. Nada mais precisava ser
dito! Bastava contemplar... e foi o que fizemos; não sei por quanto tempo.
Iniciamos então nossa seção fotográfica!
Nos
acompanhou como observador desta jornada o Ismael, embora não tenha ele chegado
lá naquela catedral, tenho certeza que não ficou menos encantado. Foi importante
a participação dele como fotógrafo e apoio em caso de emergência.
Os
caminhos já estão abertos, em breve outros amantes da aventura poderão curtir
toda aquela imponente beleza, mas será impossível descrever a quem quer que
seja, a emoção de ter peregrinado aquele caminho pela primeira vez. Talvez
outros já tenham explorado aquele lugar, com outras técnicas, porém não
encontrei relatos ou fotografias sobre o evento. Me parece justo pensar que
fomos os primeiros! Isso é suficiente para nossa felicidade.
Quanto
à furna 1, continuaremos observando... talvez um dia consigamos adentrar nela
também. Até lá vamos curtir nossas emoções!
Obrigado por descrever essa sensação de estar em contato com a naturesa, tal descrição me fez sentir a emoção da aventura, vibrei positivamente ao ler. Obrigado.
ResponderExcluirMuito legal!
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