Lagoinha do Leste: Um paraíso ameaçado.


           

           Um dos lugares mais visitados pelos amantes das belezas naturais, aqui na ilha da magia, certamente é a Lagoinha do Leste. Este pedacinho de paraíso cercado  pelo Morro do Matadeiro, Morro da coroa e Morro do Pântano justifica esta preferência. Apesar de certa dificuldade oferecida ao longo das trilhas que levam até lá, os olhos vislumbram o tempo todo lindas paisagens.

            A ilha de Santa Catarina é na realidade uma inspiração artística de Deus. Lagoinha do Leste foi retocada com esmero e dedicação. As cores, os recortes daqueles costões, o relevo, o vento... tudo é perfeito e harmonioso! Naturalmente as pessoas apreciam o belo. Porém, infelizmente, poucos tem consciência da fragilidade de toda aquela beleza. Em alguns pontos do paradisíaco local, podemos encontrar verdadeiros lixões, escondidos no meio da mata. Latinhas de cerveja, sacolas plásticas, cacos de vidro espalhados pela trilha, sem contar os dejetos oriundos das necessidades humanas. Incrível como tratamos mal nosso planeta, nossa mãe terra, que tanto nos propicia! Não é só Lagoinha do Leste que sofre estes barbarismos. Onde quer que a gente ande cenas escabrosas podem ser encontradas. Menos mal que por lá ainda não houve a investida da especulação imobiliária. Se isso acontecer será o tiro de misericórdia!

            As belezas que nossos olhos contemplam superam as coisas feias escondidas em cantos escuros, mas se não tomarmos providência em breve acontecerá o inverso! Os trilheiros e aventureiros devem ser protagonistas neste ato de defesa do meio ambiente. Nós, mais do que ninguém buscamos e contemplamos com vigor e energia as paisagens mais remotas. Entretanto, mesmo entre nós, existe descuido e descaso. Na maioria das vezes não é por maldade que danificamos nossa tão frágil natureza. O fazemos por desconhecimento e até por ansiedade, quando queremos levar ao conhecimento de todos aquilo que admiramos. Me parece que a melhor forma de preservar é levar pessoas para conhecer e apreciar. Entretanto este fato não deve ocorrer em larga escala, de maneira descontrolada. Não se pode ensinar todos ao mesmo tempo criando consciência do problema. Mas é exatamente isso que está ocorrendo. Com frequência podemos encontrar grupos de trilhas com mais de cem pessoas. Isso é absurdo, embora possa parecer integração e fortalecimento de amizades, ninguém pode controlar um grupo assim. Além do mais é necessário avaliar o impacto de tantas pessoas circulando ao mesmo tempo num mesmo local. É preciso lembrar que esse intenso pisoteio, provoca sérios danos ao solo. Compactação, erosão, destruição de mudas e altera significativamente o ritmo da vida nativa. Animais e plantas convivem conosco e precisamos respeitar esta relação. Além de todo este impacto negativo, de quebra, toneladas de lixo acabam ficando espalhadas, sem que ninguém sequer tome a iniciativa de recolher.

            Tenho visto nas redes sociais debates acirrados. Líderes de grupos se digladiam entre si, buscando a primazia sobre as atividades de aventura. Acusam concorrentes de estarem organizando atividades, uns se dizem melhores que outros porque possuem cursos ou habilidades, uma verdadeira guerra de bugio, onde quem perde é a natureza. Ao invés da contenda, deveríamos buscar a união empreendendo esforços para um objetivo comum. O sol nasce para todos, precisamos evoluir e pacificar ao invés de querer cada um criar uma espécie de reserva de mercado. De nada adianta a criação de leis ou áreas de preservação afastando pessoas destes locais. Todos tem direito de curtir todas as maravilhas, porém muitos precisam ser orientados, educados, conscientizados sobre as consequências ecológicas de cada ato praticado. Não existirá nuca uma fiscalização eficiente, capaz de controlar todos os desatinos humanos.

Não é uma tarefa fácil, mas precisa ser iniciada, sob pena de perdermos definitivamente essa belezas. Muitos querem deixar um mundo melhor para seus filhos, mas poucos pensam em deixar filhos melhores para o planeta. Que pensem nisso todos os amantes da natureza. Só poderemos vencer a luta a partir de ações conjuntas. Não há espaço para individualismos.


Comentários

  1. É bem por aí. Grupos muito grandes causam um impacto medonho nas trilhas da ilha. Muitos guias que só querem dinheiro ou fama irresponsavelmente usam desta prática.

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  2. Assim não dá ! vendo as belezas da ilha fico com vontade de morar aí.

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