O estranho caso do ET aventureiro
De repente
um brilho no céu. Como um relâmpago... rápido! Porém não estrondoso. Apenas um
zumbido... um som estranho, variando do grave ao agudo instantaneamente! O que
foi isso? Uma transmigração?
Depois mais
nada que eu possa lembrar. Foi como despertar de um sono profundo... sem lembranças
de sonhos ou visões... tudo ao meu redor era beleza e solidão! De onde surgiu
esta paisagem? Quem a desenhou, esculpiu e deu vida? Quem sou Eu, que aqui me
encontro perdido? Onde estou? Que luzes brilham aqui? Jamais apreciei tamanha
beleza! Que cores e contrastes! E tantos sons! Será algum tipo de música?
celestial talvez! O que meus olhos vislumbram é puro encanto!
Aos poucos
me acostumei. Meus olhos se acostumaram, meus ouvidos nem tanto! Mesmo assim
sons musicais incitam meu espírito! Existe um paraíso realmente. Mas que coisa
inquietante não ver ninguém... não ter ninguém... não encontrar ninguém. Apenas
caminhos! Acho que descaminhos também. Sou um ser alienígena. Num lindo planeta,
distante, numa época confusa, que mal consigo compreender. Serei só Eu
habitante destas plagas? Ou outros ET’s rondam por aí os tais caminhos (e
descaminhos também). Será que apenas minha visão percebe estas belezas ou
existem também outros olhares que as percebem com as mesmas emoções?
E assim por longo tempo me acostumei ao silêncio - ao som
que ele produz - e a solidão. Pouca coisa precisei durante esse tempo. Um pouco
de água, algumas proteínas e carboidratos, muita luz e uns poucos pertences...
ah! Uma mochila. Esta indispensável. Aliás duas... uma apenas para carregar
emoções. E nesta ânsia de desbravar caminhos não carreguei fardos, não fiz
esforços exagerados. Muito contemplei, muito aprendi nestas andanças, que viraram
aventuras. E como aventureiro estrangeiro me habituei às trilhas e paisagens.
Então meus olhos começaram a perceber outras dimensões. Como se tivesse a alma
alcançado um novo patamar. Um novo despertar. Daí percebi que não estava só. Haviam
outros! Seriam eles também alienígenas aquerenciados?
O tempo
passou e o sentimento de solidão foi amenizado. Devagar, porém de maneira perceptível,
foi se formando uma comunidade. Aparentemente normal, mas diferente. Nem melhor
nem pior. De gente um pouco estranha na verdade... pessoas que sentiam emoções! Que coisa
mais esquisita! Com hábitos ridículos, como se fossem andarilhos penitentes,
transportavam cargas nas costas por íngremes caminhos no meio da mata. Andavam
pendurados em cordas nos precipícios e cachoeiras. Escalavam rochedos, feriam o
corpo com espinhos, apareciam com hematomas nas pernas ou nos braços, e riam
dos ferimentos. Exauriam energias, apenas caminhando, sem respeitar chuva, frio
ou calor demasiado. Que gente bem estranha! Seriam eles loucos? Algum desvario
coletivo? Talvez seja esse o comportamento normal nesse confuso planeta! Muito
estranho... como fui me aproximar justamente de pessoas assim? Eu... um ET....
diferente... racional.... Solitário talvez, mas racional! Na plenitude perfeita
de minhas faculdades mentais.
Loucura ou
não formou-se uma trupe. Ou um circo? Um grupo que aumenta e com ele
aumentam as emoções. Uma viagem mental, talvez um portal invisível seja
ultrapassado em cada encontro. E aquilo que antes parecia um sonho incompreensível
se torna realidade marcante. Os loucos são os certos e comandam espetáculos
diários. De improviso, sem aviso prévio. Sem nada que possa deter a imaginação.
Apenas concretizá-la. E estes loucos se espalham e se multiplicam e
contagiam... serão eles arautos de uma nova era? Ou apenas fósseis de vida
abundante habitando este planeta estranho?
Este é o
mundo da aventura. O mundo que me habituei, que me cativou e me propiciou conhecer
pessoas lindas, enfim, me ensinou importantes lições, mostrando que a vida
transborda dentro de cada um. Contagiando, ensinando a proteger o planeta
estranho.
Que nunca
falte coragem a estes homens e mulheres, que lutam contra o tempo. Que aguentam os revezes sorrindo! Bem
vindos ao mundo da aventura!
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