Comunistas malditos ou capitalistas hipócritas?
Que sou
canhoto de ideias nunca neguei. Embora me considere moderado houve tempos que
defendi Mao tsé Tung. Pensar diferente não necessariamente é sinônimo de maldade.
Boas intenções acabam gerando atos positivos e, embora os meios não justifiquem
os fins, não posso condenar Maquiavel no contexto de suas ideias desenvolvida em "O Príncipe". Somos livres
para escolher, mas o resultado de nossas escolhas resta a nós mesmos suportar. Nada
poderemos fazer para mudar as consequências daquilo que já foi feito. Cabe ao indivíduo
aprender com os erros e evoluir. Tenho arcado com minha parcela de sofrimento pelos erros que cometi, mas me nego a aceitar o preconceito daqueles que; não
conhecendo minhas lutas, criticam, ironizam ou idiotizam minhas tendências e pensamentos.
Criticar é o que mais facilmente faz o ser humano. Não importa o que se faça,
seja bom ou ruim, certo ou errado, que não esteja exposto a crítica. E cada
crítico está certo, segundo seu próprio ponto de vista. Afinal todos somos
portadores de bom senso. E na medida correta, isto já dizia, em outras
palavras, René Descartes. A crítica assume papel preponderante na
formação de opinião e isto é ótimo, o problema está nas diferenças de capacidade para divulgar ideias ou elaborar críticas que permitam, ou pelo menos respeitem, a liberdade do indivíduo que, em última instância, será o termômetro da opinião pública. Hoje a grande mídia é dominada pelo capitalismo mais
selvagem que se possa imaginar. Tem o poder de criação e destruição e nada
existe se a televisão não quer que exista. Se alguém se rebelar contra este
sistema fatalmente será taxado de comunista e como tal execrado, escrachado e
condenado ao juízo final como assassino, corrupto ou, para os mais
benevolentes, considerado um inocente útil, ignorante e alienado.
Em toda esta pressão dos meios de comunicação para desmantelar qualquer ideal esquerdista, o que mais me incomoda é a violência verbal que utilizam as revistas e
jornais de grande circulação, nos meios irradiados ou mesmo nas redes sociais. São de uma truculência fora do limite que, não raro, descambam para agressões físicas. E não é que eu me
incomode pelas críticas em si, mas pelos que criticam, pela irascibilidade infundada e desumana ao utilizarem o poder dos meios de comunicação que representam, permanecendo intocáveis na contumaz e imoral dilapidação dos valores alheios. O destaque das
coisas negativas nunca é acompanhado por sugestões corretivas ou, ao menos, por um mísero esforço empreendido na solução de qualquer problema. De quem são estas vozes que formam opinião com tanta facilidade? São dos
mesmos que possuem o poder de mudar. Porque então não mudam? São os hipócritas que
vivem em mansões que parecem mausoléus e que ostentam ouro em suas torneiras e mármore
no vestíbulos de suas casas, que constroem imponentes lareiras em residências
tropicais, são estes os que dominam o capital e se apropriam dos meios de
produção e se julgam os próceres de uma nação. Nas mãos deles está o efetivo
poder da mudança! Porque não mudam? Como ousam estes ignorantes letrados
criticar os atos infames do João ninguém e responsabilizar este pelos males do
mundo. Chega de hipocrisia! O mal estará onde quisermos destacar a presença dele. Acredito que nos movimentos sociais, na esquerda política, na religião nos
esportes existam alguns mal intencionados, corruptos e interesseiros, mas não são a
maioria. A grande representação é composta pelos sem voz, pelos sem força, pelos bem
intencionados que são mantidos amordaçados por aqueles que detém o poder de mudar.
Pois é esta mordaça que permite aos poderosos déspotas permanecerem ocultos,
invisíveis, mascarando verdades e perpetuando-se no poder.
O que é a
verdade, senão aquilo que acreditamos ser? Não me chamem de inocente porque
não sou, muito menos útil, que cada um reflita sobre verdades e dogmas, ninguém pode se elevar e de peito aberto, em alto e bom som proclamar-se como detentor exclusivo de alguma verdade. Talvez algum
dia estejamos suficientemente capacitados para debater o verdadeiro sentido das coisas,
compreendendo que nada está na forma definitiva. Tudo evolui, mas a alma humana
parece ter estagnado na barbárie primitiva. Evoluímos a tecnologia através do
conhecimento científico, mas como seres humanos continuamos matando e
destruindo valores éticos, morais e culturais. Um imenso contingente de indivíduos é movido pela ganância desmedida. O capitalismo neoliberal, representa com pompa toda esta sordidez amoral. Ainda somos
bárbaros! Permitam-me portanto continuar sendo um comunista em aprimoramento. Permitam-me a
liberdade de sonhar com um mundo mais justo e desprovido de classes sociais. Nenhum homem é escravo entretanto alguns se escravizam. São
aqueles que por algumas vantagens pessoais se submetem a qualquer coisa! Ser taxado de comunista não me parece uma ofensa; muito pior é ser considerado reacionário. O conservadorismo é o mal, pois tudo evolui no universo. Que estranha atitude é esta de querer manter as coisas como estão? Não seria esta a verdadeira ofensa? Contento-me por ser progressista, ao menos estou despido de hipocrisia. Não posso modificar a história, mas posso mudar meus conceitos. Não há vergonho nenhuma em mudar de ideia, demonstra evolução! Pior é continuar na mesmice ignorante de querer tapar o sol com a peneira, de pensar que o mundo, no futuro, deverá ser igual ao de hoje, envolto em preconceito e hipocrisia.
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